A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura de São Paulo, está realizando um estudo para acelerar em 40% a precocidade de fêmeas, afirmaram pesquisadores ao Broadcast Agro em evento com jornalistas realizado na quarta-feira (11). Com base na estratégia chamada Boi 7.7.7, que reduz em 30% o tempo de produção de gado de corte com 21 arrobas, a pesquisa tem a intenção de, por meio de um incremento na nutrição, tornar rentáveis animais que costumam ficar improdutivos na fazenda aguardando até a primeira prenhez.
A pesquisa, que se iniciou há mais de um ano, está sendo testada para os cenários de confinamento e com dois níveis de suplementação diferentes e deve ser concluída até o fim do primeiro semestre. A ideia é que as novilhas desmamadas aos 150 kg atinjam os 300 kg em um período de até 14 ou 15 meses, momento em que estariam prontas para ficarem prenhas. O prazo normal costuma variar entre 24 e 26 meses. A produção precoce, nesse cenário, se tornaria viável pela utilização de suplementação na alimentação dos animais. “Se o produtor conseguir viabilizar essa tecnologia na fazenda, vai conseguir reduzir em 1 ano o período que esse animal não estaria gerando receita”, afirma o pesquisador da Apta, Iorrano Andrade Cidrini.
Envolvendo a necessidade de aumentar a suplementação de forma específica para cada animal e condição da fazenda, o sistema não é adequado para qualquer produção, reforça Cidrini. De acordo com ele, o produtor precisa calcular o custo, com base nos preços dos grãos locais e no porte dos animais previstos para iniciar o processo. “Onde os grãos são mais caros, o custo adicional de uma nutrição específica pode não valer a pena. Outro fator que precisa ser considerado é o porte das bezerras. Se elas são mais pesadas, vão exigir um menor aporte nutricional, podendo tornar viável a estratégia”, afirma o pesquisador.
As fêmeas que mesmo após passarem por esse processo e atingirem o peso necessário não conseguirem ficar prenhas no período esperado também podem ser revertidas em lucro para o produtor, segundo a pesquisa. O encaminhamento desses animais para o abate precoce pode resultar em um valor mais alto, com a venda de uma carcaça com maior valor agregado, que pode direcioná-la para o mercado gourmet.
A Trouw Nutrition vem investindo nos últimos anos em tecnologias que favorecem o aumento de peso dos animais em menor tempo. Dentre as opções mais recentes, segundo o diretor de Negócios da empresa holandesa no Brasil, Francisco Olbrich, há o Adapt, um produto que é fornecido aos animais em confinamento nos primeiros 7 a 10 dias, estimulando o consumo de matéria seca. Até maio, quando se inicia o período de estiagem, a empresa deve treinar alguns produtores para utilizarem o produto.
Na mesma linha, para amenizar os efeitos da seca, está sendo desenvolvida uma outra tecnologia, com o uso de hidróxidos minerais, que já é utilizada na suinocultura, e está em testes para aplicação em gado de leite, segundo o executivo da empresa holandesa de nutrição animal. A previsão é de conclusão dessa pesquisa até o fim do ano. (AE)