Desde o início da semana, o indicador do boi gordo Esalq/B3 opera acima de R$ 200 por arroba, patamar recorde real da série de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), iniciada em 1994 para este produto (em valores deflacionados pelo IGP-DI de outubro/19). No atacado da Grande São Paulo, a carcaça casada do boi registra sucessivos recordes desde o dia 8 deste mês. A restrição na oferta de animais para abate e a forte demanda externa por carne bovina têm impulsionado as cotações tanto no mercado físico quanto no atacadista, analisa o Cepea em relatório antecipado ao Broadcast Agro.
Ontem, indicador do boi gordo fechou a R$ 204,50 por arroba e já acumula alta de quase 20% na parcial de novembro. A carcaça casada encerrou a terça-feira (19) em R$ 14,54 por quilo à vista, elevação acumulada de 24% no mesmo período avaliado.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam quem as exportações brasileiras de carne bovina in natura seguem em ritmo forte em novembro, somando 63,86 mil toneladas até a terceira semana do mês. A média diária de embarque está em 6,38 mil toneladas. “Chama a atenção nesta parcial o valor pago pela tonelada da carne embarcada, de US$ 4.864,70, que, com câmbio médio de R$ 4,12, gera receita recorde acima de R$ 20 mil”, ressaltam os analistas do Cepea.
Principal destino das exportações da proteína bovina em outubro, a China recebeu 65,83 mil toneladas das 185,42 mil toneladas comercializadas pelo Brasil, segundo dados da Secex. O volume enviado aos chineses foi 61,2% superior ao de setembro (o equivalente a um aumento de quase 25 mil toneladas) e mais que o dobro (112%) do volume registrado em igual período de 2018 (31,08 mil toneladas).
As vendas brasileiras a Hong Kong também seguem aquecidas, somando 32,4 mil toneladas em outubro, 8,58 mil toneladas a mais que em setembro (ou acréscimo de 36,3%), ainda conforme dados da Secex. Assim, em outubro, China e Hong Kong foram destino de metade de todos os embarques de carne bovina nacional.
“O crescimento expressivo das vendas ao mercado asiático, por sua vez, está atrelado especialmente à peste suína africana (PSA) na China, que leva o país a aumentar as aquisições internacionais de carne suína e também bovina – parte da população chinesa, temerosa do consumo da carne suína, tem migrado para a bovina”, explica o levantamento. Os analistas do Cepea alertam, porém, que parte dos agentes do setor não vê continuidade para este cenário, visto que o governo chinês está investindo pesadamente na produção doméstica. (AE)