Entre os principais compromissos assinados por 103 países durante a 26ª Conferência do Clima no ano passado, em Glasgow, Escócia, está a redução, em 30%, das emissões globais de metano até 2030 – acordo do qual o Brasil é signatário. E, na agropecuária brasileira, a pecuária de corte fica na mira, tanto aqui quanto lá fora, como uma das maiores emissoras desse gás do efeito estufa, sobretudo a partir da fermentação entérica (arroto) dos bois, conforme estudo da Embrapa.

A fim de cumprir esta agenda, grandes empresas ligadas ao setor pecuário se movimentam para estimular a cadeia produtiva a reduzir suas emissões. Entre elas, a JBS, que assumiu o compromisso de se tornar “NetZero” – neutra em carbono – até 2040, informa o diretor de Relacionamento com Pecuaristas, Fábio Dias. “Estamos em uma fase de aprendizado e de buscar alternativas (para reduzir as emissões de metano).” Neste sentido, ele diz que “fomentar a pesquisa” é uma das alternativas.

Um dos caminhos apontados por Dias, por exemplo, e que é uma aposta da JBS, é a redução do tempo de abate dos bovinos para algo entre 24 e 30 meses, já que bois gordos abatidos mais cedo emitem menos metano ao longo da vida. Além disso, toda a tecnologia embutida na produção de um bovino precoce também é mitigadora, apontam vários estudos. “É preciso também trabalhar a alimentação dos animais e trazer uma melhora na nutrição”, comenta, e acrescenta: “Já existem aditivos que estamos utilizando e que podem ser inseridos na ração; eles vão fazer com que haja uma diminuição de emissões (de metano).”

Essas e outras tecnologias serão debatidas durante um evento promovido pela própria JBS, de forma presencial e virtual, em parceria com a empresa produtora de extratos vegetais para nutrição animal Silvateam, nos dias 4 e 5 de maio – o “Fórum Metano na Pecuária”. Segundo a companhia, os maiores especialistas do mundo debaterão “desafios, metodologias e soluções para a redução das emissões de metano do gado bovino”. “Ainda não temos todas as respostas e vamos em busca delas”, continua Dias.

A programação, conforme a JBS, incluirá palestras e debates que vão abordar os verdadeiros impactos da pecuária na emissão de gases de efeito estufa (GEE), técnicas e métricas de avaliação, as soluções disponíveis para mitigação das emissões, assim como formas de mensuração de GEE. Serão apresentados, ainda, casos de sucesso de iniciativas dos setores público e privado, além de oportunidades para financiamento e créditos de carbono.

Para o executivo da JBS, há várias soluções na pecuária tropical e que mitigam gases do efeito estufa. Em que pese, ainda, a imagem deteriorada que a pecuária brasileira tem no exterior em relação a problemas ambientais, Dias diz que “é um desafio brasileiro” comunicar as boas iniciativas na pecuária de corte para o público estrangeiro. “A pecuária tropical bem feita compensa, e muito, as emissões de metano de gado”, reforça. “O investidor internacional entende isso, mas falta comunicar, explicar o processo pra ele. Eu acho que é um desafio brasileiro.”

Já do lado dos pecuaristas que atuam junto à JBS, Dias observa que há “um misto” entre resistência e adaptação para alcançar a redução de emissões de gases do efeito estufa nos plantéis. “A reação dos pecuaristas está começando a mudar. Eles percebem que é superimportante, que há vantagens (na produção), que demora menos (para abater o animal), que faturam mais e gastam menos”, comenta. Dias avisa, ainda, que a JBS tende a dar prioridade, no médio prazo, a bovinos provenientes de fazendas mitigadores de gases do efeito estufa. “Nós vamos privilegiar todo mundo que tem um arranjo produtivo mais eficiente. É o que deve acontecer”, garante.

(Broadcast Agro)