Até mesmo quem não acompanha o mercado pecuário brasileiro já deve ter ouvido falar da disparada dos preços do boi gordo por aqui. Quase diariamente, as cotações vêm batendo recordes atrás de recordes nos balcões de negócios espalhados pelo País.
Pois, mesmo com os avanços históricos da arroba nas principais praças pecuárias brasileiras, são os pecuaristas do vizinho Uruguai que hoje comemoram os valores “mais altos do mundo” recebidos atualmente pelas entregas de lotes de boiadas à indústria frigorífica.
Reportagem publicada no portal uruguaio El Observador, mostra que os pecuaristas locais recebem hoje pelo boi gordo US$ 4,35 por quilo, sustentado por uma demanda firme, sobretudo da China, e pela baixa oferta de matéria-prima.
Tal preço, de acordo com a reportagem – que faz citações a um estudo elaborado por uma empresa local do setor pecuário – excedeu o valor pago pelo boi gordo nos Estados Unidos, que é de US$ 4 por quilo. Historicamente, o boi americano é mais caro do mundo. Em seguida está a Austrália, com cotação média de US$ 3,95 por quilo.
Ainda de acordo com o El Observador, quando comparado com os preços do boi gordo no Brasil, de US$ 3,25/kg, essa diferença sobe para acima de US$ 1/kg. Em relação ao preço do boi na Argentina, de US$ 2,20/kg, a diferença avança para mais de US$ 2/kg.
Pelo menos em relação à Argentina, informa o El Observador com base em conversa com analista local, essa grande discrepância de valores do boi gordo entre os dois mercado é histórica.
Tal fenômeno se deve à estrutura de escoamento da carne bovina do Uruguai, que prioriza o mercado externo. O país exporta acima de 80% de sua produção. Como a China elevou, neste ano, fortemente a necessidade de importações de proteínas de origem animal por causa da epidemia da peste suína africana, os exportadores uruguaios atenderam prontamente a essa demanda vinda do país asiático. O resultado foi um rápido enxugamento de oferta de animais terminados e, consequentemente, uma explosão dos preços da matéria-prima.
É bem verdade que também no Brasil e na Argentina os preços do boi gordo seguem a mesma rota. Entre outros fatores, estão em disparada por conta do maior apetite chinês e da escassez de oferta. No entanto, diferentemente do Uruguai, por aqui e na terra de los hermanos, cerca de 80% da carne bovina produzida tem como destino o mercado interno. Por causa desse peso das vendas externas, os movimentos de altas do boi gordo uruguaio têm sido mais enérgicos, deduz a fonte de mercado entrevistada pelo El Observador. (Portal DBO)