O número total de gado confinado no Brasil bateu recorde neste ano e ficou em 6,5 milhões de bovinos de corte, alta de 2% ante 2020, quando foram alojados no cocho cerca de 6,4 milhões de bois. O dado é do Censo de Confinamento DSM 2021, que monitora mais de 2,5 mil fazendas pecuárias em todo o País.
Em evento online promovido ontem (8) pela DSM para divulgar os números do censo, especialistas destacaram que o cenário em 2021 foi favorável para a atividade, o que resultou em aumento de 35% no preço da arroba do boi gordo, em comparação com o ano passado. A cotação do boi gordo foi impulsionada principalmente pela oferta restrita de animais, aliada à forte demanda chinesa por carne bovina até setembro deste ano, quando o Brasil, voluntariamente, suspendeu os embarques para lá por causa de dois casos atípicos de “mal da vaca louca”.
Confinadores enfrentaram, porém, aumento nos custos de produção, oferta restrita de bezerros e bois magros – cujos preços também dispararam – e clima desfavorável, o que prejudicou a produção de milho safrinha. O grão é o principal insumo da atividade, juntamente com o farelo de soja, que também teve preços recordes, lembraram os especialistas da DSM.
Para o mercado doméstico, o ambiente permanece desafiador, dada a crise econômica, que reduz o poder aquisitivo da população, e a oferta restrita de gado terminado, que vem fazendo os preços da proteína bovina dispararem para os consumidores brasileiros, avaliou a DSM.
O censo mostrou ainda que os três Estados com maior rebanho confinado este ano são Mato Grosso, São Paulo e Goiás, com 1,38 milhão, 1,12 milhão e 1,07 milhão de bovinos, respectivamente. O Estado onde o confinamento mais cresceu foi São Paulo, que registrou alta de 17% em comparação com 2020, quando foram alojados 959 mil animais.
O Paraná também registrou alta de 16% (de 328 mil para 379 mil animais) e Mato Grosso do Sul, com alta de 6% (de 753 mil para 798 mil animais). Com relação à retração, o número de bovinos confinados caiu 16% no Pará (de 206 mil para 173 mil bovinos) e na região do Mapito – Maranhão, Piauí e Tocantins (de 224 mil para 188 mil bovinos) e em Santa Catarina, onde caiu 13% (de 155 mil para 134 mil bovinos).
Ainda de acordo com especialistas da DSM, os produtores precisam fazer uma gestão financeira mais apurada e utilizar a tecnologia como aliada para aumentar a eficiência e produtividade dos animais confinados, dado o cenário de alta de custos.
Em relação à pecuária leiteira, eles afirmam que o mercado continua incerto, com queda na demanda por lácteos, principalmente no último trimestre, por causa da retração na renda dos consumidores do mercado doméstico. Além disso, os altos preços da arroba bovina podem desestimular a atividade leiteira, quando produtores de leite preferem se desfazer do plantel, mandando vacas para abate. Assim, os preços do leite podem ser impulsionados pela restrição na oferta de leite, segundo os especialistas.
“Se por um lado os preços recordes da arroba e do leite beneficiaram os pecuaristas, por outro a alta dos custos de produção desafiou a gestão e a resiliência dos produtores, que tiveram de lidar com variação do dólar, aumento de preços do milho, da soja e de outros insumos”, aponta o vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina, Sergio Schuler. Para 2022, a DSM citou expectativas positivas com base em custos mais controlados e preços elevados da arroba.
(AE)