A China vai reduzir suas importações de carne bovina em 19,3%, passando de 3,1 milhões de toneladas neste ano para 2,5 milhões de toneladas em 2023. A projeção, divulgada ontem, é do escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Pequim. “A medida é reflexo de uma economia fraca, incertezas sobre restrições relacionadas à covid-19, além de preços fortes para a proteína em 2023”, disse a representação.

No relatório, o USDA explicou que os importadores estocaram produtos de carne bovina, em alguns períodos de 2022, quando o governo chinês impôs restrições, por meio da política “covid zero” nas principais cidades do país. A medida também fez com que a economia se desacelerasse na região.

Além disso, o escritório lembrou que, no primeiro semestre de 2022, os preços de importação de carne bovina cresceram mais de 37%, causando dificuldades para muitos importadores. No segundo semestre deste ano, fontes do USDA observam que alguns compradores podem vender a proteína abaixo do preço de compra para evitar custos de refrigeração e armazenamento.

“O mercado de carne bovina importada da China é dominado por Brasil, Argentina, Uruguai, Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos”, acrescentou. “Medidas de desinfecção e certificação permanecem em vigor em todo o país, sobrecarregando produtos importados, incluindo carne bovina, para passar pela alfândega e cruzar as fronteiras provinciais”, disse o USDA.

O escritório prevê ainda que o consumo de carne bovina diminua 3% em 2023, para 9,9 milhões de toneladas. “Importações menores e economia fraca explicam o cenário. A carne bovina é considerada um produto de luxo pelos consumidores e espera-se que ela seja mais afetada pelas perspectivas econômicas do que pelo preço”, comentou o USDA. Segundo o escritório, a perspectiva é de que a carne bovina importada, normalmente de alta qualidade e cortes de músculo padronizados, permaneça popular entre os consumidores, especialmente em churrascos e em restaurantes sofisticados.

De acordo com o USDA, a China vai abater, em 2023, cerca de 52,57 milhões de cabeças bovinas, alta de 0,14% ante projeção para 2022. “Estoques mais fortes aumentarão tanto a produção da pecuária de corte quanto a de carne bovina. Os abates devem aumentar neste ano”, disse. A representação espera que os preços do bezerro recuem, mas sem afetar a produção do país. “No próximo ano, espera-se que a China continue sofrendo com surtos de doenças que afetam o gado de corte e rebanhos leiteiros”, apontou.

As importações de gado vivo da América do Sul devem permanecer menores por diferentes razões, segundo o USDA, assim como as compras da Nova Zelândia. “Consequentemente, as importações da Austrália dominarão o mercado – com potencial para crescimento adicional em relação a 2022”, disse o relatório.

A produção de carne bovina deve crescer 4%, para 7,4 milhões de toneladas, com aumento da oferta e apoio de governos de algumas províncias chinesas para a produção de carne bovina, além de um atraso no abate causado por restrições da covid-19 em 2022.

(Broadcast Agro)