A próxima temporada de balanços financeiros, referente ao terceiro trimestre de 2018, tende a apresentar resultados negativos para a JBS e positivos para a BRF e a Marfrig Global Foods, prevê o BB – Banco de Investimentos. Em relatório divulgado nesta sexta-feira, a instituição financeira avalia que o momento positivo para a indústria de carne bovina nos Estados Unidos pode contribuir para ganhos operacionais. “No entanto, os preços mais altos do milho e as restrições impostas às exportações brasileiras de carne de aves e suína devem compensar parcialmente os aumentos de margem”, avalia a analista sênior Luciana Carvalho.
Para o BB-I, a JBS deve reportar resultados negativos na comparação anual, principalmente em razão da menor demanda, que afeta os preços e, consequentemente, as margens; e os números da Seara, que podem reverter o impacto negativo da greve sobre o resultado do segundo trimestre, mas devem continuar amargando com o maior custo de grãos. Em contrapartida, destaca-se positivamente a JBS USA Beef com demanda consistente nos mercados interno e externo; e a JBS Beef do Brasil, que deverá apresentar recuperação de margens devido a fortes exportações e um câmbio favorável.
“Portanto, no consolidado esperamos uma margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 8% ante 10,5% registrados no terceiro trimestre de 2017”, estima a análise. Além disso, conforme informado pela JBS em 1º de outubro, a empresa pode relatar um efeito negativo de aproximadamente R$ 2,4 bilhões no lucro líquido relacionado a adesão do programa Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
Já a BRF, depois de atingir o ponto mais baixo, pode começar a mostrar uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre de 2018, “a nosso ver, apesar de uma base ainda difícil de comparação anual”. Do lado positivo, a instituição financeira espera alguma reação de margem no Brasil, devido aos resultados positivos decorrentes de ajustes na oferta e preços ao longo do trimestre, conforme anunciado pela empresa. “Seguindo o mesmo caminho, acreditamos que a One Food continue apresentando uma tendência de alta em termos de volume, como notamos no primeiro semestre deste ano, também beneficiado pelo fortalecimento do dólar”, pontua o documento.
Por outro lado, ainda há expectativa de desempenho negativos proveniente da Europa, devido à continuidade das restrições às exportações, e Ásia, principalmente por causa das taxas impostas pela China à carne brasileira de frango, que devem afetar a lucratividade das vendas na região. “Assim, estimamos uma receita de R$ 9 bilhões com uma margem Ebitda ajustada de 6,9% ante 10,8% no terceiro trimestre de 2017 e de 4,6% no segundo trimestre de 2018”, projeta.
Quanto à Marfrig, diante da venda da Keystone e do novo ativo nos Estados Unidos, a National Beef, agora totalmente considerada no trimestre, a perspectiva é que a companhia apresente resultados positivos relativos entre julho e setembro. “Esperamos que a National Beef tenha um forte desempenho em função de uma demanda doméstica positiva por carne bovina norte-americana e custos (preços do gado) em níveis confortáveis”, avalia o BB-I. Além disso, o avanço consistente das exportações da proteína bovina brasileira pode compensar parcialmente o cenário ainda difícil para o consumo no mercado interno. “Desta forma, esperamos que a receita atinja R$ 10,4 bilhões e a margem Ebitda próxima a 9,4%”. (AE)