Estados Unidos e China, que entram em nova rodada de negociações comerciais a partir de amanhã, podem chegar a um acordo “restrito”, que aborde questões relacionadas a comércio, que reduziria, em geral, a incerteza “que acreditamos estar afetando adversamente o desempenho econômico e a confiança nos dois países”, destacam analistas do Barclays, em relatório enviado a clientes.
Para eles, que se declaram “cautelosamente otimistas” com um acordo restrito, o cenário seria caracterizado pela exigência americana de que a China eleve suas importações de produtos agrícolas e aumente o acesso a seu mercado. De outro lado, Pequim pediria eliminação de muitas das restrições à gigante de telecomunicações chinesa Huawei. O governo chinês também deve pedir, nessa situação, isenção ou remoção de tarifas a seus produtos.
“Supondo que as negociações sigam positivamente, esperamos que os dois lados concordem com outra rodada de negociações nos EUA no outono [no Hemisfério Norte]”, afirmam. Caso se confirmem, as negociações ocorreriam paralelamente às conversas no âmbito do comércio entre os EUA e a União Europeia (UE), a apreciação do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) no Congresso americano e a campanha para a eleição presidencial de 2020 nos EUA.
Cenários possíveis
Há três cenários possíveis em meio às negociações retomadas amanhã, para o Barclays. O primeiro, um cessar-fogo, em que ambos os lados concordam com uma nova trégua ou, ainda, com a continuidade das negociações comerciais. Pode ser, contudo, que haja progresso e um acordo seja alcançado “nos próximos meses, o que envolveria a remoção gradual de parte ou de todas as tarifas existentes”.
Por fim, há também chance de haver uma nova escalada no conflito, como em maio, em um cenário que pode levar os EUA a colocarem tarifas sobre US$ 300 bilhões em bens chineses no segundo trimestre de 2019.
Segurança
O Barclays afirma, contudo, estar “cético” quanto às perspectivas de um acordo mais amplo, que inclua as questões “mais desafiadoras” relacionadas à segurança, como propriedade intelectual e a transferência forçada de tecnologia. Também há incertezas, para o banco, sobre a disposição dos americanos de retirarem ou aliviarem as restrições impostas à gigante de tecnologia Huawei, o que deve ser exigido pela China. (AE)