O Estado de S.Paulo
21 Março 2018 | 18h01
Após a confirmação da inflação mais baixa, o Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 21, o 12º corte consecutivo dos juros básicos da economia. A taxa Selic caiu 0,25 ponto porcentual e passou de 6,75% para 6,5% ao ano – o menor nível desde sua criação em 1996.
Desde então, as surpresas de inflação consolidaram no mercado a expectativa de a Selic realmente iria a 6,5%, principalmente porque os núcleos e os serviços subjacentes continuam em níveis bastante confortáveis.
E mais: agora já se cogita novas reduções do juro à frente, com algumas instituições já colocando em suas planilhas quedas adicionais e outras não descartando a possibilidade, mas estão à espera do comunicado do Copom para definir suas apostas.
“As surpresas baixistas com a inflação e a retomada moderada da atividade levaram o BC a um novo corte de 25 ponto porcentual. Contudo, considerando os efeitos defasados da política monetária e o balanço de riscos, o mais provável é que tenhamos o encerramento do ciclo de flexibilização monetária neste mês, caso o cenário evolua conforme o esperado”, avaliou o Bradesco em relatório. O banco alterou esse mês sua projeção para o IPCA deste ano, de 3,9% para 3,5%.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, ressalta que o IPCA em 12 meses está há oito meses abaixo do piso de 3% do centro da meta de 4,5%, provocando inércia nesse patamar, ao mesmo tempo que as expectativas estão caindo e os indicadores de Índice Geral de Preços (IGP) ainda estão negativos em 12 meses.
“Em março, o IPCA vai continuar abaixo de 3,0% e ainda deve ser mais baixo do que a taxa de 2,84% acumulada até fevereiro. Como estou vendo a atividade mais fraca, principalmente consumo, os vetores apontam para mais uma rodada de leituras favoráveis de inflação. E, se você tem IPCA abaixo do piso da meta, tem de reduzir a Selic”, diz Gonçalves, que estima que a Selic deve ir a 6% em junho.
Mas, embora reconheça que as chances de novo corte da Selic para 6,5% tenham aumentado, o economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano, mantém a expectativa de juro inalterado em 6,75% neste mês. Segundo ele, uma flexibilização monetária adicional dependeria de uma mudança do cenário de inflação no médio prazo, não só no curto prazo. “Ainda tem o recado negativo sobre a reforma da Previdência. A mensagem mais forte é de que o ciclo se encerrou”, reforça.