Alguns avicultores de uma província no coração do atual surto de coronavírus na China estão tendo que sacrificar aves jovens, pois novas regras para conter a doença paralisam o transporte de reação e de animais vivos para os matadouros.
A proibição do movimento de aves vivas, que acredita-se que pode gerar riscos de transmissão do vírus, impediu os agricultores de Hubei de levar galinhas e ovos ao mercado.
Hubei é a província que abriga a cidade de Wuhan, onde o coronavírus foi identificado pela primeira vez. A epidemia já matou 426 pessoas e infectou mais de 20.000 em todo o país.
Com a falta de comida para as aves, alguns agricultores estão reduzindo sua alimentação, enquanto outros estão destruindo parte do rebanho, de acordo com um funcionário da Associação de Avicultura de Hubei, que falou sob a condição de anonimato porque não está autorizado a conversar com a mídia.
“Muitas aves jovens foram eliminadas com segurança”, disse a pessoa, que não revelou quantos animais foram mortos ou como.
Na semana passada, a associação apelou ao governo por autorização para o suprimento de ração para as aves.
“Os produtores não têm como sobreviver”, disse uma pessoa que preferiu ser identificada apenas pelo sobrenome Chen e que produz cerca de 7.000 ovos por dia perto da cidade de Huanggang.
“Estou esgotando meus estoques de ração e não sei como vou tirar meus ovos”.
Vídeos que circularam pelas redes sociais chinesas nesta semana parecem mostrar avicultores em locais não especificados enterrando filhotes, patinhos e patos adultos vivos, além de ovos. A Reuters não conseguiu verificar a veracidade dos vídeos ou confirmar quando e onde foram filmados.
A China produziu 22 milhões de toneladas de carne de aves em 2019, um aumento de 12% em relação ao ano anterior, em meio à escassez de carne de porco causada pela peste suína africana.
Hubei abate cerca de 500 milhões de aves por ano e é um importante produtor de ovos.
Segundo analistas, províncias em outros lugares também foram impactadas, com vilas e condados de toda a China erguendo bloqueios nas estradas, numa tentativa de manter o coronavírus fora.
Incubadoras que vendem pintinhos ou patos aos agricultores para criação antes do envio aos matadouros têm sido especialmente atingidos. Com severas restrições ao transporte, os produtores não podem ou não querem comprar filhotes para reabastecer suas fazendas, disse Dong Xiaobo, gerente geral na China da francesa Orvia, a segunda maior fornecedora de patos da China.
“Os preços atingiram um piso de 5 centavos por patinho. Ninguém sabe o que fazer com sua produção”, afirmou ele.
Muitos matadouros também estão operando com capacidade reduzida, porque não conseguem encontrar mão de obra suficiente, disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank. (Reuters)