Com a demanda interna fraca e o cenário internacional instável, a produção industrial continua patinando no País, o que reforça a percepção de que o crescimento econômico do Brasil deverá ficar abaixo do esperado em 2019.
“Com a alta taxa de desemprego impedindo a recuperação da demanda interna e o cenário ruim para exportações, não há como esperar um desempenho pujante neste ano”, avalia o professor de macroeconomia do Ibmec-SP, André Diz. Ele destaca a crise da Argentina e a desaceleração das principais economias do mundo como fatores negativos para os embarques do Brasil.
Já no ambiente interno, a turbulência política torna o avanço da reforma da Previdência menos célere que o projetado pelo mercado. “Havia uma expectativa de que, com a mudança de governo, as reformas sairiam mais rapidamente. Quando os agentes do mercado olham a negociação com o Congresso travada, vem o entendimento de que o projeto não vai passar da mesma maneira que foi elaborada pelo Ministério da Economia”, aponta Diz.
Nesta terça-feira (02), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a pesquisa industrial mensal referente à produção física do mês de fevereiro. O levantamento mostrou crescimento de 2% sobre o mesmo mês do ano passado, mas queda de 0,2% no acumulado dos dois primeiros meses do ano.
Para o economista da Pezco, Yan Cattani, esse crescimento anual apenas reflete uma base fraca. “Em 2018, o Carnaval foi em fevereiro e houve um número menor de dias úteis. Ocorreu uma elevação na margem, mas nada sustentável no longo prazo”, esclarece.
O maior crescimento foi registrado na categoria de bens de consumo duráveis, puxado pelo desempenho do setor automotivo. “A indústria não pode depender de apenas um setor. Outros crescem, mas ainda em ritmo de recuperação, alguns nem repondo a depreciação”, destaca Cattanni. (DCI)