A União Europeia volta a criticar o controle sanitário nas exportações agrícolas brasileiras. Uma auditoria realizada pelos técnicos do bloco europeu em carnes bovina, frango, de cavalo, peixes e mel indicou falhas nos controles nacionais.

Desde o escândalo da Operação Carne Fraca, a Europa voltou a implementar controles rigorosos para a entrada de produtos brasileiros no bloco. Progressivamente, indústrias vêm sendo recolocadas na lista de estabelecimentos autorizados a exportar. Em maio de 2018, essa lista incluía 1,4 mil fazendas de carne bovina autorizadas em sete estados brasileiros. Apenas 50 abatedores brasileiros poderiam exportar carne bovina para a UE, contra 30 no setor de frango e 30 em peixes. Dos 175 locais de processamento de mel no Brasil, 35 poderiam exportar. No caso da carne de cavalo, o embargo total ainda prevalece.

Desta vez, o foco da inspeção se referia a resíduos encontrados nas carnes e o monitoramento do uso de remédios nos animais. As inspeções ocorreram entre o final de maio e 8 de junho deste ano, mas apenas agora o informe está sendo publicado em Bruxelas por parte da diretoria de Saúde da UE. “O objetivo da auditoria era avaliar a efetividade dos controles oficiais sobre resíduos e contaminastes em animais vivos e produtos animais para exportação para a UE”, declarou o informe.

Os auditores examinaram a implementação do plano de monitoramento de resíduos, além da autorização, distribuição e uso de produtos veterinários.

De acordo com a UE, ainda que o plano de monitoramento de resíduos siga os padrões internacionais, as garantias oferecidas são “em parte enfraquecidas” pelo número de amostras de pescados e mel que não são testados em relação a “várias substâncias autorizadas nacionalmente para o uso na produção de alimento anual e não alinhada com (os padrões) aplicadas na UE”.

No setor de carne bovina, a Europa também registrou falhas. “Existem algumas substâncias autorizadas na produção pecuária que não podem ser usadas na UE”, alertaram os auditores. Além disso, Bruxelas aponta que o sistema de receituário de remédios veterinários e a falta de dados sobre tratamento “não adicionam garantias de que os produtos veterinários são usados em linha com as indicações”.

Os europeus também criticam o manual criado pelo Ministério da Agricultura sobre como implementar o plano de monitoramento de resíduos. De acordo com os auditores, faltariam instruções sobre questões como o uso de esteroides na carne bovina. Bruxelas também estima que os planos de controles de resíduos na carne são “enfraquecidos” diante da ausência da análise de várias substâncias autorizadas para o uso no frango nem sempre dentro dos padrões aplicados na UE.

Os auditores ainda questionaram os laboratórios nacionais, alertando para a “falta de dados” e instâncias em que controles não existiam ou não estavam sendo implementados.

Em um documento, o Ministério da Agricultura apresentou aos europeus um plano apontando para a implementação de uma série de medidas para atender as exigências de Bruxelas. De acordo com o governo brasileiro, metas em relação ao número de amostras de certos produtos, como peixes, serão implementados a partir de 2019. Um controle rigoroso também é prometido em diversos resíduos especificados pelos europeus. (Estadão)