Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
As exportações de carne bovina do primeiro semestre de 2019 acumularam um volume de 874,9 mil toneladas e uma receita total de US$ 3,16 bilhões, um avanço de 25,4% e 16,5% ante o volume e a receita obtida no mesmo período de 2018, respectivamente. No mesmo comparativo, o preço médio por tonelada recuou 7,12%, de US$ 3.890,15 para US$ 3.613,23/ton.
O volume embarcado no período é o segundo maior já registrado, ficando abaixo apenas do 1º semestre de 2007, quando foram enviadas 913,9 mil toneladas ao exterior. A receita apurada no período também ocupa a 2ª posição, ficando atrás apenas de 2014, quando o faturamento dos seis primeiros meses foi de US$ 3,44 bilhões.
Dentre as exportações de carne bovina, a carne in natura representou mais de 78% do volume no período analisado, seguido por carne industrializada e miúdos, com aproximadamente 11% e 9%, respectivamente. As tripas e carne salgada, somadas, representaram 2%.
Em relação ao faturamento, as vendas de carne in natura representaram 82%, seguida novamente pela carne industrializada e miúdos, com 10% e 6%, respectivamente. A receita com as vendas de tripas e carne salgada representaram 1,9% e 0,1%, mesma participação que obtiveram no volume.
Destinos da carne bovina brasileira
Os principais destinos para da carne bovina brasileira foram Hong Kong e China, representando, somados, 36,4% do volume total exportado (318 mil toneladas), um crescimento de 7,2% ante o volume importado por eles no 1º semestre de 2018. É relevante considerar o volume consolidado pois parte significativa dos volumes adquiridos por Hong Kong são repassados à China continental.
A terceira posição, assim como no ano passado, é ocupada pelo Egito, com uma participação de 9,0% e 79,2 mil toneladas, um avanço de 11,8% no comparativo anual.
A quarta posição ficou com os Emirados Árabes Unidos, que aumentaram em 411,3% as importações, comprando 51,8 mil toneladas na parcial deste ano e representando 5,9% do volume total exportado.
E o destaque do primeiro semestre de 2019 fica para a Rússia, que manteve as exportações brasileiras de carne bovina e suína embargadas entre o final 2017 e de 2018, voltando a adquirir volumes consideráveis neste ano. Os embarques para os russos foram de 31,5 mil toneladas (3,6% do total) e apresentam um crescimento de 1.865% no comparativo ano-a-ano.
As expectativas são que as exportações continuem aceleradas no segundo semestre, principalmente pela retomada da Rússia, que tem adquirido volumes crescentes desde o início do ano, e por uma maior necessidade de importações de carnes da China.
Países do sudeste asiático e especialmente a China, que em 2018 detinha mais da metade do rebanho e da produção de carne suína, enfrenta recorrentes surtos de Peste Suína Africana (PSA).
Os impactos ainda são difíceis de mensurar, mas a projeção da Agrifatto é de uma queda de produção entre 15 e 20 milhões de toneladas de carne suína. No ano passado, o comércio global de carne suína foi de 8,45 milhões toneladas, menos da metade das projeções dos impactos na produção de carne chinesa.
Diante desse cenário, a China terá necessidades crescentes de importações, não só de carne suína, mas também de carnes substitutas, como é o caso das carnes bovina e de frango. E o Brasil tem de tudo para se beneficiar ainda mais do buraco deixado pela PSA, mas ainda esbarra no número de plantas frigoríficas habilitadas, que pode aumentar nas próximas semanas.