Os reflexos da operação que causou um verdadeiro terremoto no mercado interno e externo de carnes já começa a desenhar mais claramente suas consequências.
Já se vão 10 dias desde a notícia de que a Polícia Federal havia deflagrado a Operação Carne Fraca, ou quando o turbilhão começou. Nada mais se escutava na mídia.
Durante a semana passada, ficou mais fácil dimensionar os efeitos sobre o mercado brasileiro de carne bovina, pelo menos no cenário internacional.
Foram 11 países a emitir comunicados informando que suspenderiam as compras totais de carne bovina brasileira até maiores esclarecimentos: Hong Kong, China, Egito, Chile, Jamaica, México, Arábia Saudita, Trinidad e Tobago, Argélia, Panamá e Bahamas.
Outros 3 países e um bloco econômico informaram que suspenderiam as importações de carne dos 21 estabelecimentos sob suspeita de inconformidades, sendo: Japão (21 frigoríficos), África do Sul (6 frigoríficos), Suíça (4 frigoríficos) e União Europeia (4 frigoríficos).
Neste sábado, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, informou que China, Chile e Egito voltariam às compras já nesta segunda-feira, 27 de março. Agora resta avaliar quanto tempo levará para reestabelecer o ritmo de compras aos patamares em que trabalhava antes da Operação.
Considerando o status de importação que temos hoje, há um impacto de 0,85% sobre o volume exportado por semana, a ser modificado de acordo com a retomada dos mercados à importação de carne bovina e os efeitos das notícias mal veiculadas sobre os consumidores finais, nacionais e internacionais.
Outra notícia positiva veiculada hoje é a retomada da produção de carne por parte do JBS, que havia interrompido as atividades em 33 de suas 36 plantas. A retomada, entretanto, é parcial e engloba apenas 35% da sua capacidade produtiva nessas unidades.
É um começo em linha com a reavaliação dos frigoríficos e tentativa de quantificação de mercado necessária para ajustar sua produção ao mercado. É necessário primeiro aguardar indicadores de consumo e sinalização do mercado para posteriormente operar em capacidade ajustada.
Os efeitos disso sobre o mercado já são claros: os futuros em Bolsa reagiram positivamente, com destaque para o contrato de maio, que chegou a ser negociado em 136, hoje atingiu 139,11, mas continua distante dos 141,75 em que era negociado antes de toda a tormenta.
É o tal negócio, o mercado sobe de escada e desce de elevador.
Por Lygia Pimentel é médica veterinária e consultora da Agrifatto