A Argentina tem examinado alternativas à sua planejada expropriação da processadora de soja argentina Vicentin, que enfrentou dificuldades financeiras, incluindo uma possível parceria público-privada, disse nesta quarta-feira o ministro de Produção do país, Matías Kulfas, endossando comentários de fontes próximas às negociações.
Produtores de grãos credores da Vicentin podem acabar como acionistas da empresa, que quebrou no ano passado após uma expansão alimentada por créditos.
Kulfas afirmou que o governo está analisando alternativas ao plano de expropriação anunciado pelo presidente Alberto Fernández no início de junho.
“Nós propusemos diferentes modelos… mas sem expropriação”, disse Kulfas em uma vídeo conferência com o centro de estudos Wilson Center.
A ideia, segundo ele, é criar uma companhia “mista”, pública e privada.
O presidente Fernández disse que o governo iria “intervir” na Vicentin, principal exportadora de derivados de soja do país, e sua administração passou a buscar aprovação do Congresso para poder assumir controle total da empresa.
Mas esse plano foi colocado em compasso de espera após o governo da província de Santa Fe, onde está localizada a Vicentin, ter se oferecido recentemente para liderar a intervenção na companhia.
Além disso, um tribunal da Argentina ordenou na sexta-feira a restituição dos administradores originais da companhia. 
“A Vicentin rejeita o projeto da província de Santa Fe. A empresa não está interessada nele e não reconhece a agência interveniente proposta”, afirmou uma fonte próxima da companhia.
O assessor presidencial Gabriel Delgado, designado como interventor pelo governo, disse a repórteres que o Estado é o responsável final pela manutenção de empregos e pela saúde do setor exportador local, em momento em que o país atravessa uma recessão agravada pela pandemia de coronavírus.
“O Estado está avaliando todas as alternativas que garantiriam a recuperação da companhia. O mercado, em seis meses, não encontrou uma solução, e agora nós estamos trabalhando para solucionar um problema de emprego e produção em momentos muito difíceis para a economia argentina”, afirmou.
“O Estado está utilizando um conjunto de ferramentas excepcionais para lidar com uma situação excepcional”, acrescentou Delgado, respondendo a temores entre produtores e membros da indústria exportadora de que o governo estaria usando a Vicentin para ganhar presença no importante setor de grãos.
A Vicentin possui mais de 300 milhões de dólares em dívidas comerciais e mais de 1 bilhão de dólares em débitos com instituições financeiras. (Reuters)