O Brasil pode não colher outra safra recorde em 2018, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira pelo IBGE. O tempo mais seco já atrasou o plantio de soja e criou uma perspectiva mais negativa também para a segunda safra de milho.
A produção nacional de grãos para o ano que vem foi estimada em 220,2 milhões de toneladas, 8,9% menos que as 241,6 milhões de toneladas previstas para este ano. A safra de soja deve ter um declínio de 6,3% em relação a 2017. “Estamos considerando que o clima não será tão bom como em 2017. A área plantada cresce, mas o rendimento cai”, apontou Carlos Barradas, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
O IBGE prevê ainda redução no cultivo de milho no País, com a migração das apostas de produtores para a soja. “Com o aumento da produção em 2017, os preços do milho caíram. O produtor certamente vai dar prioridade ao plantio da soja na próxima safra”, disse Barradas.
O economista Luiz Castelli, da GO Associados, estima que o PIB agropecuário possa ter um recuo de 2,0% em 2018 depois de um crescimento de 11,5% em 2017. “Mas como o PIB da agropecuária representa só 5% do PIB total, geraria um impacto negativo de 0,1 ponto porcentual, ou seja, quase nada.”
Os efeitos da safra menor sobre a inflação ainda não estão claros. Alguns itens não são consumidos diretamente pelo consumidor, como a soja e o milho, mas têm impacto nos preços de derivados e de alimentos de origem animal via ração. “O primeiro sinal que foi dado de certa forma é que terá um impacto de inflação. Não será imediato, mas tende a contribuir com um aumento de preços, porque vai encarecendo a cadeia toda”, diz Marcel Caparoz, economista da RC Consultores.
Na avaliação de Barradas, do IBGE, o primeiro prognóstico para a safra agrícola brasileira de 2018 é bastante otimista, embora não alcance a produção recorde esperada para este ano. (AE)