O Banco Central reconheceu que a retração da demanda por conta do coronavírus tem efeito que tende a ser “bastante significativo” para a política monetária por conta do impacto na economia e que, para compensá-lo, seria necessário cortar os juros para além da redução de 0,5 ponto levada a cabo na semana passada.
Mas, em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta segunda-feira, o BC apontou que o cenário para os juros estruturais é outro com a disseminação do Covid-19, o que justificou sua opção por indicar que o novo patamar da Selic, de 3,75%, é adequado por ora.
“A possível interação entre a deterioração do cenário externo, com frustrações em relação à continuidade das reformas e possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, pode ameaçar a queda dos juros estruturais observada nos últimos anos”, trouxe a ata.
“Em vista dessa percepção, o Comitê ponderou que uma redução da taxa básica de juros além de 0,50 ponto percentual poderia tornar-se contraproducente e resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado”, acrescentou.
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto, à sua nova mínima histórica, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em resposta aos impactos econômicos com o coronavírus, mas indicando que este deve ser o novo nível dos juros básicos daqui para frente. [nL1N2BB2V1]
A publicação da ata com mais pistas sobre a visão do BC foi adiantada para esta segunda-feira, sendo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participará de coletiva virtual de imprensa às 9h. Usualmente, a ata é publicada na terça-feira seguinte à decisão do Copom. (Reuters)