A elevada rentabilidade de culturas como soja, milho e algodão neste ano e os bons preços sinalizados para o ciclo 2018/2019 devem estimular os agricultores a ampliar a área cultivada na nova safra, que está em fase de plantio.
Na última quinta-feira (11), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou aumento de 2,3% na área de grãos brasileira, que poderá chegar a 63 milhões de hectares. Esse incremento foi puxado pelo algodão, cuja área cultivada deve bater o recorde e ficar em 1,4 milhão de hectares, com avanço máximo de 20,4%.
Para milho, a perspectiva é de um aumento de até 3,8% no verão, para um máximo de 5,2 milhões de hectares. Na soja, a estatal projeta elevação de até 2,9%, para até 36,1 milhões de toneladas.
Em todas as culturas, a boa rentabilidade alcançada nos últimos meses – e que deve se repetir no novo ciclo – foi o principal motivo para o aumento da área.
“A safra 2017/2018 teve ótimos preços, que ajudaram na comercialização. Somado a isso, temos prêmios elevados e o câmbio a favor dos produtores”, salienta, citando a soja como exemplo.
Os preços da oleaginosa disponível, por exemplo, chegaram a R$ 100 a saca de 60 quilos nas últimas semanas no porto de Paranaguá (PR), enquanto a venda da safra atual, fechada em setembro para entrega em fevereiro, chegou a R$ 90 a saca, destaca o analista de mercado da AgRural, Adriano Gomes.
Para o milho, os negócios da nova temporada fechados em setembro (para entrega em fevereiro) foram feitos na faixa de R$ 354 a saca de 60 quilos no Rio Grande do Sul. Já o produto no mercado disponível chegou a R$ 43 a saca e está em R$ 38 atualmente. “São valores que garantem boa rentabilidade ao agricultor”, diz.
A guerra comercial entre China e Estados Unidos é outro fator que favorece a demanda pelos grãos brasileiros, segundo o analista. Desde que os chineses impuseram uma taxa de 25%, em abril deste ano, sobre a importação dos grãos norte-americanos, os produtos brasileiros passaram a ser uma opção mais atrativa para os chineses.
Produção
Diante desse cenário, a perspectiva da Conab é de que a produção total de grãos brasileira cresça entre 2,5% e 4,7% na temporada 2018/2019, para um máximo de 238,5 milhões de toneladas, próximo do recorde de 238,8 milhões de toneladas em 2016/2017. “Acredito que temos um grande potencial para bater esse recorde”, diz o assessor técnico da Comissão Nacional de Grãos, Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alan Malinski.
Segundo ele, o plantio da soja e do milho está adiantado em estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás, o que indica que a safra será cultivada no período considerado ideal. “Com esse início de temporada promissor, esperamos que a safrinha também tenha aumento de área, sem atrasos.” A previsão de El Niño, embora traga alerta para o Sul e para os estados do Matopiba, deve contribuir para uma safra excelente no Centro-Oeste.
Ainda assim, a Conab fez uma projeção conservadora para a soja. A estatal prevê produção máxima de 119,4 milhões de toneladas, quase estável ante os 119,2 milhões de toneladas colhidas no ciclo recorde 2017/18. A CNA estima alta de até 4% na área e produção recorde de 122 milhões de toneladas da oleaginosa. A AgRural aposta em 35,8 milhões de hectares, alta de 1,9% sobre a safra passada e em 120,3 milhões de toneladas.
Na avaliação da Conab, os maiores destaques da nova safra serão o milho e o algodão. Para o grão, a previsão é de alta entre 11,1% e 12,7% na produção, para um máximo de 91 milhões de toneladas.
Para a pluma, o volume estimado é recorde de até 2,3 milhões de toneladas, alta de 15,7% ante a safra anterior. “O bom desempenho das cotações tanto no mercado interno quanto no externo estimulou os produtores a investirem fortemente na lavoura”, diz a estatal em relatório. O preço médio para a fibra aumentou 29,7%.
A companhia ainda estima exportações de 1,33 milhão de toneladas da pluma em 2018/2019, ante um milhão de toneladas de 2017/18. Para o milho, a perspectiva é de embarque recorde de 31 milhões de toneladas, ante 25 milhões de toneladas na safra anterior. Na soja, as exportações devem ficar em 75 milhões de toneladas neste ciclo, um milhão a menos do que safra passada. (AE)