Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto
Gustavo Rezende é engenheiro agrônomo e consultor pela Agrifatto
Lygia Pimentel é médica veterinária e consultora pela Agrifatto
O mercado futuro do boi gordo mostrou firmeza na última semana em resposta ao encurtamento das escalas de abate em praticamente todo o território brasileiro, com destaque para o fortalecimento de 1,15% do contrato para outubro/18, mantendo-se acima de R$ 150,00/@ e acelerando o ritmo de negócios.
Em linha com essa oferta bastante restrita, os preços ligeiramente mais firmes praticados no mercado físico seguem equilibrados, porém com reação tímida: alta de 0,15% ao longo de agosto, reflexo do mercado consumidor enfraquecido pelo retardo da recuperação econômica, com alto desemprego e nível de endividamento.
Outro fator de destaque é o estreitamento dos diferenciais de base, especialmente para o MS, MG e GO, em boa parte motivado pelo baixo volume de animais enviados ao primeiro giro de confinamento. Outro motivo sugerido para tal estreitamento é a própria entressafra, bem como o início da campanha eleitoral, que aquece o consumo de carne bovina em São Paulo, aumentando a necessidade dos frigoríficos de buscar animais em praças vizinhas, mesmo que em pequena escala devido ao poder de compra reduzido.
Por outro lado, o consumo doméstico fraco gera cautela no posicionamento de compras das indústrias relativo a novas compras, sem pressionar expressivamente os preços para cima, mesmo no período de entressafra.
Essa relação ajustada entre a oferta e a demanda é o que tem permitido que os frigoríficos trabalhem com as programações de abate curtas (fato que vem se registrando nos últimos meses), limitando também a oferta de carne ao atacado.
Apesar do consumo interno tímido, os reportes semanais de exportações têm contribuído para a manutenção do interesse de compra por parte dos frigoríficos exportadores, especialmente quando se considera um câmbio acima de R$ 4,00.
Assim, na contramão da demanda interna, as exportações de carne bovina in natura começaram o ano aquecidas e, apesar de uma queda brusca em junho possivelmente motivada pela mudança metodológica que ainda não foi normatizada nas séries históricas, vem se recuperando nos últimos meses.
A desvalorização do real perante o dólar torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, e associado a sazonalidade das exportações, gera a expectativa de bons volumes exportados nos próximos meses, com sustentação aos preços.
Já no atacado, o preço da carne seguiu a sazonalidade típica entre o início e o final do mês. Com fortalecimento das cotações na primeira metade, seguido de ajustes negativos na segunda quinzena.
Na comparação semanal, o valor do boi casado recuou 2,25%, passando de R$ 9,55 para a última parcial em R$ 9,32/kg.
Sob a atual conjuntura, o mercado pecuário parece estar bem ajustado. A fraca oferta de animais na entressafra, unida à fraca demanda interna ao bom volume de exportações têm deixado o mercado em compasso de espera.
A dúvida reside agora no prêmio oferecido pelo mercado futuro em outubro.
Na média mensal, a valorização do indicador entre agosto e outubro é de 5%. Considerando a média parcial do indicador Cepea registrada em agosto, essa valorização levaria a cotação do boi a R$ 151,70/@, valor que pode ser alcançado pelo mercado futuro nos próximos dias caso a barreira dos R$ 151,00/@ seja rompida (uma importante resistência técnica).
É interessante lembrar que mesmo não tendo atingido seu potencial médio de valorização, o mercado já começa a orbitar esse patamar, o que evidencia boa chance de adquirir seguros de preços e colocar em prática estratégicas para gerir riscos de mercado.
Além disso, a volatilidade do mercado tem se mostrado bastante baixa, o que reduz o custo do prêmio e permite travas em melhores patamares.