As exportações de alimentos e produtos agrícolas da Austrália para a China podem diminuir daqui para a frente, com o aumento das tensões entre os dois países, disse o Rabobank. Segundo o banco, os embarques desses produtos para o país asiático dispararam em 2019/20 e podem ter atingido seu pico, puxados por forte aumento das exportações de carne bovina e ovina e por crescimentos mais modestos em lácteos, vinho, grãos, oleaginosas e frutas. O Rabobank observou que a Austrália não fica tão exposta a um mercado desde os anos 1950s, o que resultou em concentração de risco significativa para o setor agrícola e de alimentos do país.

Autoridades chinesas disseram ontem que estão investigando possível prática de dumping nas exportações australianas de vinho para a China. Analistas disseram que o país asiático pode suspender as importações durante a investigação ou impor novas tarifas após a conclusão do inquérito. A China é o principal mercado para o vinho australiano em termos de receita. O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, rejeitou as alegações.

As tensões entre os dois países vêm se acirrando durante a pandemia do novo coronavírus. O governo conservador da Austrália pediu uma investigação global sobre erros cometidos no início da crise de covid-19 que possam ter contribuído para a pandemia. A Austrália, um aliado próximo dos Estados Unidos, também impôs restrições à gigante chinesa de tecnologia Huawei e criticou a imposição de uma lei de segurança nacional em Hong Kong.

Neste ano, a China impôs tarifas de mais de 80% sobre a cevada da Austrália e suspendeu a importação de carne bovina de alguns frigoríficos do país. Além disso, o governo chinês alertou seus cidadãos para que não viajassem à Austrália, devido ao que chamou de aumento da discriminação racial contra chineses durante a pandemia. (AE)