Em suas estimativas para as exportações do agro em 2020, o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves, afirmou que o Brasil exportou, no ano passado, R$ 1 milhão por minuto, considerando a média do dólar em R$ 5,15. O cálculo foi feito segundo projeções de embarques na faixa de US$ 101 bilhões a US$ 102 bilhões de toneladas.
“São R$ 520 bilhões do mundo para dentro do Brasil, espalhando desenvolvimento. Isso daí dá praticamente R$ 43 bilhões por mês, R$ 1.4 bilhão por dia e R$ 60 milhões por hora e R$ 1 milhão por minuto”, disse o especialista.
Em números oficiais, o agronegócio brasileiro exportou o equivalente a US$ 100.81 bilhões em 2020. Em dólares, essa é a segunda maior receita da história, perdendo apenas para o resultado de 2018, quando o setor atingiu US$ 101.17 bilhões. Porém, em reais, os embarques renderam mais, em razão da taxa de câmbio elevada.
Cálculos realizados a partir dos dados oficiais mostram que o País exportou R$ 985.000,00 por minuto, quase R$ 1 milhão, ou seja, R$ 519.17 milhões divididos por 527.040 minutos, considerando que 2020 foi um ano bissexto.
Nova safra
Para 2021, o diretor da SNA estima que as exportações brasileiras poderão superar o recorde do ano passado, chegando próximo a US$ 105 bilhões. Ele lembrou que “alguns produtos estão com preços mais altos em dólar e devem continuar assim, compensando assim a valorização do real”.
Fava disse ainda que, “se o clima continuar ajudando, a safra poderá pular de 258 milhões de toneladas para 266 milhões de toneladas, um aumento de 3,5% em uma área com 1,6% a mais, ou seja, 1 milhão de hectares novos para produção, neste caso, destinados à soja”.
O volume de produção da oleaginosa, segundo o especialista, deverá subir de 125 milhões de toneladas para 135 milhões de toneladas. Já a produção de milho deverá ter um pequeno aumento, de 102 milhões de toneladas para 102.5 milhões a 103 milhões de toneladas.
“Se não houver uma frustração com relação à segunda safra de milho, é provável que a renda no campo, em 2021, pule dos R$ 886 bilhões no ano passado, para R$1.02 trilhão”, destacou o diretor da SNA.
Ele também ressaltou que 2021 começou com “uma cooperação muito forte” entre os produtores. “Isso é um fator muito importante”, disse Fava, fazendo referência à recente manifestação do setor contra o aumento de impostos em São Paulo. “Aumento de arrecadação se dá com crescimento econômico. Não se deve aumentar impostos, e sim diminuir gastos”.
Expansão
Em comparação a 2019, as vendas externas do agro no ano passado registraram um aumento de 4,10%. Segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, a expansão foi resultado do aumento da quantidade exportada (+ 9,90%), uma vez que o índice de preço caiu 5,30%.
O agronegócio foi responsável por quase metade das exportações totais do Brasil em 2020, alcançando a participação recorde de 48%. Por outro lado, houve queda de 5,20% nas importações de produtos do agronegócio, cuja cifra foi de US$ 13.05 bilhões. O aumento das exportações e queda das importações resultou em um superávit de US$ 87.76 bilhões para o setor.
Ranking
Entre os principais produtos exportados em 2020, o complexo soja (grão, óleo e farelo) liderou a pauta, com US$ 35.24 bilhões e 101.04 milhões de toneladas. Já as carnes ocuparam a segunda posição no ranking de setores exportadores do agronegócio em 2020, com US$ 17.16 bilhões.
As vendas de carne bovina representaram 49,40% desse montante, com aumento de 11,10% em relação a 2019. As exportações de carne bovina in natura registraram um recorde em valor (US$ 7.45 bilhões) e quantidade (1.72 milhão de toneladas).
As exportações de carne de frango representaram 34,90% do total exportado pelo setor de carnes nos 12 meses, com US$ 5.99 bilhões.
Já as vendas externas de carne suína somaram US$ 2.25 bilhões, do quais 94,10% corresponderam ao produto in natura. O montante registrado nas exportações de carne suína in natura foi recorde histórico, tanto em valor (US$ 2.12 bilhões), quanto em quantidade (901.100 toneladas).
China
Liderando a lista de importadores, a China adquiriu 73,20% da soja em grão exportada, o que correspondeu a US$ 20.91 bilhões (2,20% superior a 2019). Também foi o principal destino da carne bovina in natura exportada, 54,20% (US$ 4.04 bilhões). O país contribuiu para o crescimento dessas vendas, uma vez que adquiriu US$ 1.35 bilhão a mais do que em 2019 (+ 50,30%). (Doutor Agro/Canal Rural/SNA)