Lygia Pimentel é diretora executiva da Agrifatto
Os dados da pesquisa trimestral de abate de animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe alta de 1,6% para o volume total de animais abatidos no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018.
Dados projetados pela Agrifatto, no entanto, indicam queda de 1,7% para o volume total de animais abatidos no período. A pesquisa considera também abates não fiscalizados.
A discrepância de comportamento pode ser explicada pelo forte veranico que acometeu o Brasil Central entre dezembro e janeiro últimos. O fenômeno implicou em maior dificuldade de engordar animais em sistemas com menor aplicação de tecnologia, cujos animais costumam participar em maior escala da categoria de abates não fiscalizados.
A média de peso dos machos abatidos nessas praças caiu 0,8% no período, o que nos leva a estimar uma perda ainda maior para os animais em sistemas com baixa aplicação de tecnologia.
Nesse contexto, os abates de machos adultos caíram -0,7% e o de novilhos, -6,5%.
Analisando os dados relativos às fêmeas abatidas no período, é possível observar uma queda consistente sobre o volume de vacas de -6,9%, em consonância com a desaceleração observada em trimestres anteriores e que reforça a virada de ciclo pecuário em curso.
Gráfico 1.
Evolução da participação de vacas no abate total e média móvel (%).
Entretanto, o abate da categoria de novilhas reagiu 13% no período, em linha com o aumento do interesse do pecuarista pela sua engorda estratégica, estimulada pela bonificação oferecida por alguns programas especiais.
O movimento não é novidade, mas consolida-se através dos números atualizados.
Gráfico 2.
Evolução da participação de novilhas no abate total e média móvel de 5 períodos (%).
Através da análise de sua média móvel, o abate de fêmeas (vacas + novilhas) evidencia dificuldade de renovar novas máximas, e não fosse a alta participação de novilhas nos abates, teria desempenhado negativamente no período.
Gráfico 3.
Evolução do abate de fêmeas sobre o total abatido (%).
O abate de fêmeas mais jovens com o objetivo de terminação, mais do que para a reprodução, indica um preço a ser cobrado sobre a produção de bezerros em um futuro próximo, mas no contexto de longo-prazo, indica que a relação de troca boi gordo/bezerro continuará apertando para o invernista.