Os agricultores da Argentina começaram a colher as primeiras áreas plantadas com soja e milho em meio a problemas logísticos derivados de medidas para limitar a disseminação do coronavírus, o que faz com que alguns produtores avaliem vender sua safra mais tardiamente.
Mais de 70 municípios de diferentes províncias do país estão proibindo a entrada e saída de caminhões como medida para controlar a propagação da doença, mesmo depois de o governo argentino ter autorizado o transporte de cargas em meio a uma quarentena obrigatória, que vai até 31 de março.
“Estamos colhendo sem problemas”, disse à Reuters o agricultor Eduardo Bell, da cidade de Saladillo, localizada no centro da província agrícola de Buenos Aires.
“Mas há atrasos no transporte. Muitas cidades não estão deixando que caminhões passem por elas, que (caminhoneiros) parem para almoçar, esse tipo de coisa”, afirmou Bell, acrescentando que, devido aos baixos preços atuais, considera a possibilidade de manter seus grãos em silos, aguardando para comercializá-los com preços melhores.
No mercado local de futuros, MATBA-ROFEX, o contrato da soja para maio de 2020 era negociado nesta quarta-feira a 226 dólares por tonelada. O valor do vencimento, que na semana passada chegou a cair até 212 dólares por tonelada, era de 245 dólares por tonelada há um ano.
Soja e milho são as duas principais culturas e maior fonte de divisas da Argentina, onde até esta quarta-feira havia 387 casos confirmados de coronavírus, com seis mortes.
“Os produtores vão vender a menor quantidade possível de soja e milho, o necessário para cobrir seus custos, e vão guardar o resto. Os preços estão baixos e a Argentina, assim como o resto do mundo, tem tempos difíceis pela frente. Tudo isso aumenta a incerteza”, afirmou Pablo Adreani, chefe da consultoria AgriPac. (Reuters)