O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse nesta sexta-feira que a peste suína africana levou a uma série de mudanças no comércio global de carne suína, envolvendo uma disrupção na produção desse tipo de proteína. Durante a sua participação em seminário virtual promovido pelo Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o executivo ressaltou que o Brasil e outros países exportadores de carne suína foram beneficiados por esse cenário, com as importações de carne suína brasileira pela China tendo crescido 147% de janeiro a agosto de 2020, representando 50% dos embarques do País ao exterior.
Apesar da forte representatividade chinesa dentre os principais destinos de proteína animal do Brasil, o executivo afirmou que o País não é dependente do gigante asiático. Ele destacou o crescimento das compras de outros players, especialmente da carne de frango, cujas compras pelo Vietnã e Cingapura cresceram, refletindo a substituição do consumo de proteínas. “Muita gente diz que se a China se recuperar da peste suína africana, o Brasil vai ter um grande problema com as exportações. Isso não é verdade”, disse Santin.
Segundo ele, com a doença, que dizimou o rebanho de suínos chinês, a produção do país caiu de 54 milhões de toneladas em 2018 para 36 milhões de toneladas em 2020. E embora as grandes consultorias avaliem que os chineses só retornarão ao nível de 2008 no ano de 2025, a ABPA aponta que nesse ano a China precisaria de um volume de 56 milhões de toneladas para atender o consumo interno, que não parou de crescer. “Vai continuar havendo um déficit que será preenchido com importações. Além disso, a China vai conseguir voltar a produzir 54 milhões de toneladas em um cenário de calmaria, sem nenhum outro tipo de interrupção da cadeia”, acrescentou o executivo na transmissão.
Nesse sentido, não apenas a peste suína africana, mas também os efeitos da pandemia do novo coronavírus, levaram a uma alteração nos hábitos de consumo de proteína animal, com uma migração para os produtos mais baratos e substitutos, como a carne de frango. “O consumo pós-covid deve favorecer proteínas mais baratas”, afirmou ele. Santin acredita que o Brasil, na comparação com o mercado global, terá maior velocidade de retorno no consumo de carne de frango. Ele comentou também que o País viu uma redução na demanda com o fechamento dos estabelecimentos do segmento de food service, mas que o esforço para que as plantas não fechassem durante a pandemia foi muito grande.
Santin comentou também que as projeções da ABPA apontam que as exportações de suínos devem bater recorde em 2020, com alta de 27% a 33%, alcançando um volume de 1 milhão de toneladas, ante 750 mil toneladas embarcadas em 2019. Em relação à carne de frango, a perspectiva é de aumento de 3% a 5% ao fim do ano, com as exportações podendo ficar entre 4,35 milhões e 4,45 milhões de toneladas. Em 2019, 4,214 milhões de toneladas de carne de frango foram exportadas pelo Brasil. (AE)