A diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Liège Nogueira, garantiu que a agroindústria exportadora de carne bovina trabalha com sustentabilidade. “Temos demanda do mercado externo e do consumidor daqui e de fora para sermos sustentáveis e rastrearmos a compra dos animais, cuidar do desmatamento ilegal, entre outras exigências”, disse Liège. “A agroindústria organizada tem feito isso”, reforçou há pouco, em webinar promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), sob o tema “O agro depois da porteira”.
Ela disse, entretanto, que, além de a indústria legalizada ter de lidar com três tipos de fiscalização nos abates – nas esferas federal, estadual e municipal -, tem de conviver também com os fornecedores ilegais de animais, aqueles não fiscalizados, que produzem o que ela chama de “boi pirata”, além do desmatamento ilegal. “Mesmo que nós façamos tudo corretamente, temos de olhar para este problema também, porque ele afeta a imagem da cadeia como um todo”, observou. “A imagem que vai para fora é aquela de quem cria mal bovinos; a imagem de quem paga impostos ninguém tem interesse em divulgar”, criticou.
Por isso, a representante da Abiec disse ser necessário que governo e iniciativa privada trabalhem em conjunto para mitigar o problema. “Precisamos trabalhar com essa questão”, disse, e continuou: “Quando falamos por exemplo de desmatamento na Amazônia a pecuária sempre pagou esta conta, porque o boi a pasto é a atividade mais simples de ser instalada em áreas recém-desflorestadas”. Ela observou, porém, que esses pastos geralmente são abertos por grileiros, que invadem ilegalmente terras públicas. “E ninguém toca neste assunto porque é muito mais simples, para o governo, inclusive para políticas públicas, atacar o setor organizado, que tem CNPJ, dá emprego e assina carteira de trabalho.”
Ela defendeu, por isso, que cabe ao setor organizado e ao governo identificarem o problema e trabalhar para finalizá-lo. “Enquanto ele existir, é essa imagem da pecuária brasileira que vai para o exterior”, disse. “O setor organizado e responsável precisa garantir que toda a cadeia produtiva seja organizada e responsável.” (AE)