Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto.
Gustavo Machado é consultor pela Agrifatto.
O abate de bovinos no Brasil ao longo do segundo trimestre de 2018 somou 7,72 milhões de cabeças, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE na quarta-feira (12/set).
O 2º trimestre registrou uma queda de 0,18% em comparação com os 3 primeiros meses do ano, quando foram abatidos 7,73 milhões de animais.
Na parcial de 2018, isto é, os seis primeiros meses do ano, abateu-se 15,45 milhões de cabeças, maior volume para o 1º semestre desde 2014, quando foram abatidos 16,91 milhões.
Na comparação com 2017, este ano apresentou um aumento de 4,30%.
O gráfico 1 evidencia o impacto da Operação Carne Fraca em abril/17, assim como a greve dos caminhoneiros em maio/2018. Em ambos os episódios, no mês imediatamente seguinte ao período de queda expressiva dos abates, o volume registrado exibe forte alta, buscando recuperar as perdas causadas pela instabilidade.
Se o volume de abates mensais acompanhar a sazonalidade histórica, o volume projetado para 2018 fica em 31,50 milhões de animais, ante 30,82 milhões em 2017.
Ou seja, a expectativa segue para um volume de abates ligeiramente superior neste ano, uma alta anual ao redor de 2,21%.
Além disso, a participação de vacas e novilhas representa entre 35% e 48% do número total de cabeças abatidas, respectivamente.
Com a participação das fêmeas ampliando-se ainda mais nos primeiros 3 meses deste ano, o que é comum pela desova após o período de monta.
E o número alto de fêmeas em fevereiro e março deste ano, com 48% do total, foi o terceiro maior dos últimos 12 anos, ficando abaixo apenas de 2013 e 2014, com 48,2% e 48,6%, respectivamente.
O abate de fêmeas, especialmente de vacas e matrizes reprodutoras, está diretamente ligado ao ciclo pecuário e, consequentemente, aos preços do bezerro e da arroba.
Em 2018, se o mercado seguir a tendência dos últimos anos, teremos o maior número de vacas abatidas dos últimos 10 anos, com 34,5% das vacas indo para a indústria de carne.
Perspectivas:
Com a taxa de abate de vacas nas mínimas registrada apenas em 2016, os bezerros produzidos naquela temporada ainda estão disponíveis ao mercado atualmente.
Em outras palavras, desde a última inversão de ciclo, a participação de fêmeas nos abates totais vem crescendo e deve se manter em patamares altos ainda em 2019 para que seja possível se manifestar de maneira consistente sobre a oferta de bezerros (e consequentemente de animais terminados).
Com uma taxa maior e crescente de liquidação de matrizes, pode-se esperar uma oferta menor de bezerros a partir de 2020 e, consequentemente, preços maiores para a reposição. O primeiro sinal disso será o aumento do ágio da arroba do bezerro sobre o boi gordo.
Quando o menor número de bezerros chegar ao ponto de abate, haverá, consequentemente, uma menor oferta de bois terminados, pressionando para cima o valor da arroba. Enquanto isso, é necessário fazer a lição de casa e abater o atual estoque.
Trocando em miúdos, a reposição e o valor do bovino terminado devem subir entre o fim de 2019 e 2020, respectivamente. Isso torna o momento atual interessante para repor.