A decisão da China de restringir a entrada de contêineres em portos locais como forma de combate à disseminação do Covid-19 deve levar a uma “escassez momentânea de contêineres” no Brasil a partir do final deste mês.

A previsão foi feita pelo Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), entidade que reúne as 19 maiores empresas de navegação de longo curso atuando no Brasil, respondendo por cerca de 97% do comércio exterior brasileiro em volume de contêineres.

“Para o final de março há a previsão de escassez momentânea de contêineres, pois muitos não foram descarregados na Ásia e podem demorar a serem reposicionados para novos embarques. No caso de contêineres refrigerados (reefers), o congestionamento ainda é crítico em Xangai, Xingang e Ningbo”, afirma a instituição em nota.

Ainda de acordo com a Centronave, os maiores impactos de partidas não realizadas ocorreram em rotas comerciais entre Ásia-Estados Unidos, Ásia-Europa e Ásia-Oriente Médio.

Fator agravante

As empresas de navegação ressaltam, ainda, que o Covid-19 agravou uma diminuição sazonal na circulação de contêineres com a China, que apresentam queda no início do ano devido às festividades de ano-novo no país (que segue o calendário lunar).

De acordo com a instituição, as empresas de navegação têm adotado medidas para minimizar os impactos do congestionamento nos portos chineses. Entre elas, a mudança de rotas e o armazenamento das cargas refrigeradas por período estendido. 

“Os armadores associados ao Centronave entendem que, embora começando a registrar impactos que podem ser justificados pela crise oriunda do COVID-19, dado o grande número de contêineres retidos em portos chineses, não podem também dissociar o fenômeno da paralisação na China que já é prevista anualmente”, aponta o Centronave.

Retomada lenta

Em relação à retomada da circulação de contêineres na China, as empresas brasileiras do setor de navegação avaliam que a maioria das províncias da China esteja retomando o trabalho, devendo aumentar gradualmente o nível de atividade nos próximos dias.

No início do mês, a Maersk, associada da Centronave, estimou em relatório que 60% dos caminhões e trens ferroviários intercontinentais na China haviam retomado suas atividades, com o nível de produção nas fábricas operando em 80%. (Globo Rural)