Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é zootecnista e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
A retomada do carnaval veio acompanhado de maior liquidez no mercado físico, com destaque para os preços fortalecidos.
O indicador do CEPEA subiu 0,74% ao longo da última semana, fechando em R$ 203,25/@ na sexta-feira (06/mar). A máxima recente ficou em R$ 204,15/@ (02/mar).
O mercado pouco ofertado continua como importante fator de sustentação, além disso, há notícias de gradual retorno das operações dos portos chineses, cenário que pode gerar nova rodada de altas para a arroba.
O atacado também reagiu positivamente com a entrada do novo mês, e a carne no atacado alcançou máxima em R$ 13,50/kg – alta próxima a 2% na semana.
Portanto, a atenção segue para o desempenho do lado da demanda, já que o mercado pouco ofertado deve continuar no curto prazo. A novidade fica para maior otimismo em relação a China.
- Na tela da B3
Com o mercado físico fortalecido, os preços futuros também conseguiram mostrar suporte de preços na última semana, preservando seus altos patamares alcançados.
Mas a ausência de novos fatores altista ainda impede a renovação das máximas recentes. Neste sentido, novidades em relação ao mercado externo (especialmente importações maiores pela China), seria fator essencial para nova pressão altista.
O fato é que os contratos futuros não sofreram grandes variações ao longo da primeira semana de março. O fevereiro subiu apenas 0,54%, encerrando a sexta-feira em R$ 204,00/@.
Movimento similar ficou para o contrato de outubro, o segundo mais negociado, encerrando a última semana em R$ 214,50/@ (+0,70% na semana).
- Enquanto isso, no atacado…
O mercado atacadista de carne bovina ganhou força na primeira semana de março, quando as cotações da carcaça casada chegaram a R$ 13,50/kg. Entretanto, encerrou a sexta-feira com tendência de baixa e negociações girando em torno de R$ 13,00 – 13,20/kg.
O frango resfriado ganhou fôlego na última semana, as negociações giraram em torno de R$ 4,35/kg, representando uma alta de 3,07%. Na comparação mensal o avanço é de 6,07%.
Dentre os produtos analisados o que ganhou maior força foi a carcaça especial suína, encerrando a primeira semana de março em R$ 8,65/kg – acréscimo de 6,14% ante a semana anterior e aumento de 11,26% em comparação ao mesmo período de fevereiro.
Segundo as cotações levantadas pelo CEPEA, o spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), iniciou o mês de março negativo ao redor de -0,98%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 5 (cinco) primeiros dias úteis de março/20 contabilizaram um volume total de 28,43 mil toneladas e uma receita de US$ 127,60 milhões.
A média diária registrada ficou em 5,69 mil toneladas, baixa de 7,44% em relação à média de fevereiro/20 e desaceleração de 8,84% frente ao desempenho do mesmo período de 2019.
O valor médio por tonelada registrou-se em US$ 4.487.82, avanço de 0,42% em relação à média do mês anterior, e aumento de 20,66% quando comparado com o valor médio de março/19.
Projeções preliminares deste mês apontam para 115 e 125 mil toneladas enviadas até o final de março, um cálculo considerando o histórico dos últimos três meses e uma possível queda dos embarques no último período do mês. Entretanto, se a média diária se preservar, é possível que um volume ainda maior seja alcançado.
Por fim, destaque para as exportações com o milho, o país embarcou 304 mil toneladas nos primeiros 5 dias úteis deste mês. O ritmo médio diário ficou em 60,8 mil toneladas, alta de 216% frente o desempenho diário no mês anterior e avanço de 39,8% contra o mesmo período do ano passado.
- Grãos e o seu poder de compra
Os grãos seguiram com o seu viés altista na última semana, com o câmbio pressionando positivamente o valor da soja, enquanto a baixa oferta segue como importante fator para as altas do milho.
Ao longo da última semana, a soja avançou 2,8% e o milho subiu 2,7% (CEPEA). No mesmo período, o câmbio valorizou-se em 3,46%.
Para a soja, além da escalada do dólar, a atividade nos portos segue como importante fator positivo, já que o mercado externo comprador está mantendo os prêmios firmes apesar do período de colheita.
Por fim, o poder de compra do pecuarista ficou comprometido em meio ao milho valorizado, mas a boa notícia é que os contratos futuros da B3 apontam para gradual ampliação da relação de troca arroba de boi gordo por sacas de milho.
Fonte: Broadcast AE / B3 / Agrifatto
- O destaque:
A boa notícia é que o fluxo de cargas começar a normalizar e as operação comerciais também começam a entrar em fase de recuperação, afirmou a CMA CGM (principal empresa francesa de transporte de contêineres) em um comunicado sobre o coronavírus repostado pela Portos e Navios.
Destacamos que todos os portos, exceto de Wuhan, permaneceram operando com atividade reduzida.
A CMA CGM afirma que as atividades de manufatura na China estão retornando à normalidade gradualmente, na medida em que trabalhadores e caminhoneiros reassumem suas posições. O fato está relacionado principalmente a diminuição no número de novos casos de coronavírus na China, até então considerado epicentro do vírus.
- E o que está no radar?
O mercado pecuário segue pouco ofertado, fator que tem oferecido sustentação aos preços – este cenário deve continuar no curto prazo.
Mas a atenção fica mais voltada para o desempenho da demanda, já que após alongamento das escalas de algumas plantas, a carne no atacado pode mostrar alguma resistência em manter os patamares atuais – entre R$ 13,00 e R$ 13,20/kg.
Por outro lado, novidades em relação a retomada das operações nos portos chineses renovam o otimismo com relação ao mercado externo. Se a expectativa for confirmada, os preços da arroba terão novo fator altista importante.