Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

Caroline Matos é zootecnista e trainee pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Como já era esperado, diminuiu o fluxo de negociações com o boi gordo no físico na última semana, já que o carnaval diminuiu a janela de negociações.

O menor ritmo de vendas preservou as cotações na maioria dos estados brasileiros. E assim, os preços continuam orbitando os R$ 200,00/@ nas praças paulistas, e em torno de R$ 190,00/@ em Goiás e no Mato Grosso do Sul.

O escoamento da carne bovina no atacado mostrou bom desempenho durante o carnaval, consolidando valores ao redor de R$ 13,00/kg. O maior volume de vendas alimenta a expectativa de necessidade de reposição dos estoques, se confirmado este cenário, pode manter o suporte pelo bovino terminado.

Por outro lado, as escalas de abate estão ligeiramente mais confortáveis em algumas poucas regiões do Mato Grosso e de Goiás, colocando no radar a possibilidade de pressão negativa a arroba.

Portanto, no curto prazo, os preços devem se equilibrar entre a necessidade de aquisição pelo atacado e a disponibilidade de animais prontos – neste sentido, o mercado segue pouco ofertado pelo bom suporte das pastagens.

  1. Na tela da B3

Em semana mais curta, e devido à ausência de novidades no mercado pecuário, os contratos futuros mostraram baixa volatilidade na última semana.

O contrato com vencimento em maio/20, por exemplo, encerrou com leve alta de 0,25% na comparação semanal, movimento que preservou o suporte em R$ 203,00/@.

Movimentação similar aconteceu para o contrato de outubro/20, subindo 0,47% ao longo da última semana, mantendo os mais altos patamares desde o dia 27 de novembro/19.

Embora as valorizações ainda sejam comedidas, vale destacar que o fato dos contratos preservarem seus patamares mais elevados ainda colocam oportunidades de hedge para os animais dos próximos meses.

O destaque fica para a liquidação do contrato de fevereiro/20 em R$ 201,57/@ pela média dos últimos 5 indicadores do CEPEA.

  1. Enquanto isso, no atacado…

As vendas de proteína bovina foram positivas na última semana, o que permitiu que a carcaça casada permanecesse firme no atacado paulista. O boi casado está balizado em torno de R$ 13,00/kg – alta mensal de 6,70%.

O frango resfriado permaneceu praticamente estável, com predomínio das negociações em R$ 4,24/kg e avanço de apenas 0,83% na comparação semanal.

Cenário parecido ocorreu com a carcaça especial suína que avançou sutilmente, com fechamento em R$ 8,15/kg – alta mensal de 1,43% ante a semana anterior.

Segundo as cotações levantadas pelo CEPEA, o spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), continua positivo, encerrando fevereiro em 3,14%.

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura em fevereiro/20, contabilizaram um volume total de 110,58 mil toneladas e uma receita de US$ 494,20 milhões.

A média diária registrada ficou em 6,14 mil toneladas, avanço de 15,51% em relação à média do mês anterior e crescimento de 6,44% frente ao desempenho do mesmo período de 2019.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.469,20, baixa de 9,21% em relação a dezembro/19, e valorização de 19,13% ante o valor médio em janeiro/19.

Vale destacar o volume embarcado com a soja em fevereiro/20, foram envidas 5.116 milhões de toneladas, alta de 243,73% em relação ao volume embarcado no mês anterior, porém, desaceleração de 2,88% frente ao exportado em fevereiro/19.

  1. O destaque:

A reabertura do mercado brasileiro de carne bovina in natura aos Estados Unidos foi noticiada na última semana pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e pelo FSIS (Serviço de Inspeção e Inocuidade Alimentar).

Segundo o FSIS, o Brasil corrigiu os problemas que levaram à suspensão. O embargo durava desde 2017, quando o envio de proteína bovina fresca foi suspenso por irregularidades.

A Minerva Foods divulgou que 5 unidades estão habilitadas a exportar carne bovina aos Estados Unidos. Segundo a empresa, cada planta tem capacidade total de abater aproximadamente 6 mil cabeças/dia.

Já a JBS, anunciou que têm 11 plantas autorizadas a enviar o produto in natura para o mercado norte-americano, segundo fontes, as unidades totalizam capacidade de abate de 11 mil cabeças/dia.

A Marfrig também informou que têm três frigoríficos brasileiros habilitadas a exportar para os EUA. Outras sete unidades estão em fase final para aprovação.

  1. E o que está no radar?

Espera-se que o ritmo de negociações no físico seja retomado, além disso, também é importante manter o desempenho do atacado no radar, dada a expectativa de reposição de estoques após o período do carnaval.

O coronavírus continuará no centro da mesa, e a confirmação de novos casos fora da China deve manter o dólar fortalecido frente as outras moedas – cenário positivo para as exportações com a soja brasileira.

Os estoques reduzidos e os fretes em alta continuarão colocando preços de milho em alta no mercado físico, movimento que foi antecipado pela bolsa na última semana.

 

Um abraço e até a próxima semana!