Taxas de câmbio flexíveis podem não ser o amortecedor de choque mais adequado para as economias de mercados emergentes sob pressão, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), acrescetando que um mix de políticas mais específico para cada país poderia ser necessário.
Em um artigo de opinião publicado no Financial Times nesta terça-feira, Kristalina Georgieva disse que lidar com os fluxos voláteis de capial pode ser assustador, porque há pouco consenso sobre a combinação correta e o momento para medidas de políticas monetárias.
“A atual estrutura do FMI, com base em pensamento econômico mais convencional, conduz os membros na direção de usar a taxa de câmbio como amortecedor de choques”, disse ela, acrescentando que isso forneceu uma boa aproximação de como economias avançadas se ajustam a choques externos e movimentos cambiais.
“Mas podem faltar características importantes de mercados emergentes que alterem suas respostas econômicas a choques externos e podem pedir uma prescrição diferente.”
Em muitos países em desenvolvimento, o dólar norte-americano desempenhou um papel desproporcional nas negociações comerciais, além de ser a moeda em que são denominadas tranches de dívida externa.
“Isso pode fazer com que as taxas de câmbio se tornem amplificadores de choque, pois podem subitamente aumentar os custos e obrigações do serviço da dívida”, disse ela. A falta de liquidez em muitos mercados cambiais de emergentes se somou aos problemas.
Nos últimos anos, vários países como Egito, Angola, Uzbequistão e Venezuela afrouxaram o controle sobre suas moedas, permitindo ajustes econômicos através de suas taxas de câmbio e tentando preservar reservas e combater a escassez de dólares.
Georgieva disse que o FMI reavaliará o custo e os benefícios de quatro ferramentas —política monetária, política macroprudencial, intervenções cambiais e medidas de fluxo de capital— na maneira como elas interagem entre si, mas também com as circunstâncias específicas de um país. Além disso, quaisquer situações precisavam de avaliação contínua para explicar “efeitos colaterais indesejáveis”.
“Como podemos tornar os fluxos de capital mais seguros para as economias de mercados emergentes? Encontrar a resposta certa para essa pergunta é fundamental para a estabilidade financeira, crescimento e empregos”, disse ela. (Reuters)