O dólar teve forte alta de mais de 1% e encerrou em máxima histórica nominal ante o real nesta quinta-feira, alavancado pelo movimento externo depois de ter começado o dia em queda após o Banco Central sinalizar fim do ciclo de cortes de juros.

O dólar à vista fechou em alta de 1,11%, a 4,2859 reais na venda, ligeiramente acima do recorde anterior de 4,2858 reais do último dia 31 de janeiro.

Na máxima desta quinta, a cotação alcançou 4,2865 reais na venda, bem próximo do pico recorde intradiário de 4,2873 reais na venda batido também em 31 de janeiro.

Na B3, o dólar de maior liquidez tinha valorização de 1,14% neste pregão, a 4,2890 reais.

Segundo profissionais do mercado, o exterior pesou mais sobre o câmbio nesta sessão, com a moeda dos Estados Unidos em alta generalizada ante divisas de países ricos e emergentes.

“Teve fluxo de saída. A ajuda do Copom ao real não é no curtíssimo prazo. E as moedas emergentes estão ‘apanhando’ hoje, e isso está sendo mais importante para o movimento local”, disse Luis Laudisio, operador da Renascença.

Na véspera, o Banco Central divulgou que janeiro registrou saída líquida de dólares (considerando o fluxo de câmbio contratado), dando sequência a meses de constantes perdas de moeda estrangeira.

Também na quarta, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual à nova mínima histórica de 4,25% ao ano e indicou o fim do atual ciclo de cortes na taxa básica de juros, em meio à leitura de que os ajustes já feitos ainda vão surtir efeito na economia e com foco crescente nas expectativas de inflação para 2021.

Desde a noite da véspera, analistas comentaram que a sinalização mais dura do Banco Central sobre interromper o processo de queda de juros poderia oferecer algum alento ao real, que está entre as divisas de pior desempenho neste ano.

Na manhã desta quinta, o dólar chegou a cair para 4,2093 reais na venda, baixa de 0,70%.

A conclusão do processo de afrouxamento monetário ajudaria a conter a queda dos diferenciais de retornos entre Brasil e o restante do mundo, movimento que vem minando a atratividade do real como ativo de investimento.

Mas outras notícias no dia, além da força do dólar no exterior, pesaram contra o real. A agência de classificação de risco Fitch Ratings não deu indicações sobre melhora no curto prazo para o rating soberano do Brasil e lembrou que países com perfil do Brasil costumam demorar de dez a 11 anos para recuperar o grau de investimento. O status de grau de investimento poderia atrair fluxos de capitais ao país.

Além disso, o Banco Central fez colocação parcial de contratos de swap cambial tradicional, vendendo apenas 5.150 papéis de uma oferta total de até 13 mil ativos. Na prática, o BC caminha para enxugar do mercado 393 milhões de dólares em liquidez, dentro de um cenário já de carência de fluxos novos. (Reuters)