Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

Caroline Matos é zootecnista e trainee pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

A última semana deve ter injetado novo ânimo para o pecuarista, já que as indicações pelo animal terminado mostraram-se mais firmes. Aliás, a expectativa fica para continuidade deste movimento, resultado do mercado pouco ofertado e necessidade de recomposição das indústrias.

Além disso, o valor da carne no atacado também mostrou certa estabilidade ao final da última semana, é provável que após 2 meses de quedas os seus preços possam mostrar recuperação neste início de mês.

Em meio aos indicadores mais fortalecidos, a bolsa já começou a antecipar um movimento altista, com altas expressivas na última semana.

Por fim, o Coronavírus continua colocando uma grande nuvem sobre o horizonte, muito provavelmente os próximos números de exportação pode vir menores, e a dúvida fica para a intensidade de recuperação do consumo chinês após esse período mais crítico.

 

  1. Na tela da B3

Desde o início deste ano, o mercado spot tem se mostrado mais fragilizado, com as revisões negativas dos preços na esteira de uma demanda mais fria.

Mas apesar das quedas no físico, os contratos futuros haviam mostrado suporte forte em meados de janeiro, alimentando a expectativa de que viriam reajustes positivos pela frente – movimento confirmado na última semana.

Com as programações de abate encurtadas, necessidade de recomposição de estoques e oferta curta de animais prontos, a bolsa já começou a antecipar um movimento de alta. 

O contrato para fevereiro/20, por exemplo, subiu R$ 7,55/@ (+4,00%) ao longo da última semana de janeiro, encerrando a semana em R$ 196,45/@ – maior valor em quase 30 dias.

Destacamos a liquidação do contrato de janeiro/20 em R$ 189,68/@ – o vencimento foi liquidado segundo a média dos últimos cinco levantamentos do CEPEA. O valor caiu 7,70% em relação a liquidação do contrato de dezembro/19, em R$ 205,52/@.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

A carne bovina encerrou a última semana com certa estabilidade no atacado, vale destacar que a proteína registra quedas consecutivas desde o final de novembro/19 – acumulando queda de 23% no período.

Apesar da estabilidade nos últimos dias da última semana, o boi casado ainda acumula queda na comparação semanal, o valor em R$ 12,45/kg ficou 1,10% menor ante seu valor na semana anterior.

O frango resfriado perdeu força, fechou cotado em R$ 4,19/kg – baixa semanal de 3,13% e queda acumulada mensal de 15%.

A carcaça especial suína também desacelerou, encerrando a semana em R$ 7,90/kg no atacado paulista, baixa de 3,7% quando comparada a semana anterior. Nos últimos 30 dias acumula queda de 21%.

spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), continua ligeiramente positivo, encerrando a quarta semana de janeiro em +0,09%.

 

  1. No mercado externo 

As exportações de carne bovina in natura em janeiro/20 perderam força, contabilizaram um volume total de 117 mil toneladas e uma receita de US$ 575,98 milhões.

A média diária registrada ficou em 5,32 mil toneladas, queda de 24,92% em relação à média do mês anterior, mas avanço de 14,23% frente ao desempenho do mesmo período de 2019.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.922,57, baixa de 2,52% em relação a dezembro/19, e valorização de 31,31% ante o valor médio em janeiro/19.

Vale destacar o volume embarcado com o milho em janeiro/20 também foi mais fraco, foram envidas 2.293 milhões de toneladas, baixa de 47,49% em relação ao volume embarcado no mês anterior, e também desaceleração de 40,66% frente ao exportado em janeiro/19.

 

  1. O destaque:

Na última semana os casos de contaminação por coronavírus (2019-nCoV) deram um salto, até o momento são aproximadamente 10 mil confirmados e 213 mortes registradas, concentrados principalmente na província de Hubei na China. O vírus tem se espalhado com rapidez, outros 21 países já confirmaram casos da doença.

A Marfrig afirmou estar atenta a evolução do vírus na China, mas até o momento as exportações não foram afetadas e também não há relatos de interrupções nas vendas e embarques. 

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) informou em nota que ainda não é possível avaliar os possíveis impactos sobre as exportações em consequência do surto do coronavírus.

 

  1. E o que está no radar?

O mercado do boi começa a dar indícios de uma possível alta nos próximos dias, há relatos de frigoríficos com necessidade de recompor seus estoques, principalmente pela chegada de fevereiro.

Boa parte das plantas seguem com escalas encurtadas, com média entre 3 e 4 dias, a oferta também continua apertada, o que no curto prazo pode aquecer as cotações da arroba.

O consumo interno de carne bovina pode melhorar, visto que as férias estão se encerrando, o início das aulas está próximo e a chegada dos salários também favorecem as compras de proteína animal pela população.

 

Um abraço e até a próxima semana!