A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um financiamento adicional de US$ 19,6 milhões para elevar o número de inspetores agrícolas nos portos terrestres, aéreos e marítimos. O objetivo é impedir a entrada no país da peste suína africana (ASF, sigla em inglês), entre outras doenças animais.
A liberação do financiamento é uma das principais reivindicações do Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína (NPPC), informou a entidade, em comunicado. “Por mais de um ano, o NPPC defendeu um aumento no número de inspetores agrícolas em nossas fronteiras”, disse o presidente do conselho, David Herring, produtor de carne suína em Lillington, Carolina do Norte.
Segundo Herring, o surto da peste suína africana na China, que dizimou o rebanho de porcos do país asiático, “mudou o cenário na cadeia da carne suína, não apenas nos EUA, mas em todo o mundo”. “Para mim, como produtor, a preocupação que me mantém acordado à noite é a possibilidade de entrada de uma doença animal estrangeira; provavelmente é o único problema que tenho menos controle na minha fazenda”, ressalta.
Grande desafio
Por mais que a indústria suína dos EUA espere que a peste suína africana (ASF) não entre no país, o “desafio é tremendo”. Essa é a opinião de Juan LuBroth, diretor veterinário da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Um número grande de produtos alimentares é confiscado todos os dias nas regiões de fronteiras dos EUA, e o número de pessoas que viajam para o gigante da América do Norte a partir de países infectados continua a crescer. Ambos os cenários criam uma ameaça constante.
LuBroth esteve envolvido com o trabalho de controle da ASF na China e é considerado uma autoridade no vírus. Segundo ele, os EUA e o Canadá têm um histórico de conscientização sobre quais doenças podem ser uma ameaça ao país. “Os EUA têm redes universitárias, estaduais e federais robustas para trabalhar com as ferramentas necessárias para o controle de doenças animais estrangeiras”, reforçou LuBroth, acrescentando: “Mas sempre há espaço para melhorias”.
Outras doenças
O Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína também alertou para a busca de medidas de proteção envolvendo outras doenças animais, como o estabelecimento de um banco de vacinas contra a febre aftosa, conforme previsto no Farm Bill de 2018. Segundo a entidade, a doença é endêmica em muitas regiões do mundo e, caso atingisse os rebanhos dos EUA, teria consequências generalizadas a longo prazo para a pecuária e agricultura do país, incluindo a perda imediata dos mercados de exportação.
Atualmente, os Estados Unidos não têm acesso a um banco de vacina suficiente para conter e erradicar rapidamente um surto de febre aftosa, alerta o NPPC. Um eventual surto do vírus resultaria em perdas de US$ 128 bilhões para os setores de carne bovina e suína, de acordo com uma pesquisa da Iowa State University. Também causaria prejuízos de US$ 44 bilhões e US $ 25 bilhões, respectivamente, aos produtores de milho e soja, além da perda de mais de 1,5 milhão de empregos ligados à agricultura/pecuária dos EUA ao longo de dez anos. (Portal DBO)