Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
A liquidez continuou em baixa na última semana, especialmente com as quedas recentes afastando pecuaristas de novas negociações, além disso, o recuo de alguns frigoríficos de novas compras também colaborou para a calmaria do mercado.
Em bolsa, os contratos testaram valores menores na última semana, mostrando suportes entre R$ 185,00 e R$ 190,00/@. Mas após as quedas no início da última semana, houve reação, com os contratos tentando novamente orbitar valores ao redor de R$ 200,00/@.
As movimentações dos preços das carnes no atacado também jogam luz sobre o cenário atual, com o escoamento mais lento e estoques relativamente mais confortáveis, os valores do boi casado passaram por ajustes, caindo 8,3% ao longo da última semana – novas quedas estão no radar.
O destaque da última semana fica para os números de abates no 3º trimestre deste ano, divulgados pelo IBGE. O país abateu 8,49 milhões de cabeças entre julho e setembro deste ano, alta de 7% em relação ao trimestre anterior.
No radar, fica a expectativa de um mercado ainda lento, especialmente com a expectativa de que importantes indústrias paralisem suas atividades nesta virada do ano.
- Na tela da B3
Os contratos futuros de boi gordo caíram nos primeiros dias da última semana, mas reagiram nos últimos pregões.
Foi uma semana com o mercado testando alguns níveis de preços, e nesse sentido, vale destacar suporte em R$ 190,00/@ para os contratos mais curtos, e em R$ 185,00/@ para o contrato de maio/20 (este vencimento geralmente marca o pico de oferta da safra, pressionando negativamente as cotações).
Mas após buscar pelos suportes gráficos, os futuros voltaram a se reajustar positivamente na segunda metade da semana, retornando a patamares ao redor de R$ 200,00/@.
Portanto, segundo a movimentação em bolsa da última semana, a janela de valores projetada para 2020 ficou entre R$ 185,00 e R$ 205,00/@ – estes são os principais limites de alta e de baixa a serem testados pelo mercado no curto prazo.
- Enquanto isso, no atacado…
A carcaça casada bovina continuou com ajustes na última semana, refletindo ainda o menor escoamento da proteína.
E assim, o boi casado encerrou a última semana com média em R$ 14,00/@, queda de 8,29% na comparação semanal, porém, ainda se mantém 11,51% mais alto frente a sua indicação há 30 dias (quando estava em R$ 12,55/kg) – indicando que o movimento de correção para baixo ainda pode continuar (apesar do período de maior consumo).
O frango resfriado permaneceu praticamente estável na última semana, com parcial em R$ 4,85/kg.
Já a carcaça especial suína avançou 5,63%, sendo cotada a R$ 9,57/kg no atacado paulista, no último mês acumula alta de 18,81%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou a segunda semana de dezembro em 5,51%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 10 (dez) primeiros dias úteis de dezembro/19 contabilizaram um volume total de 63,17 mil toneladas e uma receita de US$ 316,03 milhões.
A média diária registrada ficou em 6,32 mil toneladas, queda de 18,79% em relação à média do mês anterior, e baixa de 0,28% frente ao desempenho do mesmo período de 2018. Além disso, o desempenho diário perdeu força ante a primeira semana deste mês (quando o ritmo ficou em 7,0 mil toneladas por dia).
O valor médio por tonelada registrou-se em US$ 5.002,69, alta de 2,99% em relação a novembro/19, e valorização de 31,30% quando comparado com o valor médio de dezembro/18.
Considerando o desempenho das exportações na primeira quinzena de dezembro, as projeções preliminares foram ajustadas para um total entre 120 e 130 mil toneladas até o final do mês.
Se confirmado, o volume representará recuo aproximado de 19,66% frente a quantidade enviada em novembro/19, e queda de 1,34% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Por fim, as exportações com milho nos primeiros 10 dias úteis deste mês continuaram aquecidas, somando 2,69 milhões de toneladas, alta de 25,27% em comparação à média diária do mês anterior, e crescimento de 47,69% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na última quinta-feira (12) os dados das Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais.
No 3°T/2019 foram abatidas 8,49 milhões de cabeças de bovinos, alta de 7,0% em relação ao trimestre anterior e avanço de 2,13% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Outro destaque fica para a JBS, que irá paralisar temporariamente 11 frigoríficos a partir desta semana. O recesso deve terminar na primeira quinzena de janeiro.
A pausa das operações diminui pontualmente os canais de escoamento da matéria-prima, colocando um cenário de menor demanda do mercado comprador, ou seja, pode ser encarado como um fator momentâneo de pressão negativa as cotações.
- E o que está no radar?
Na última semana, houve baixa liquidez no mercado spot, motivada principalmente pela saída de alguns grandes frigoríficos, além de pecuaristas deixando de ofertar animais após as quedas das indicações.
Este cenário deve continuar neste período de festas, colaborando para o cenário de negociações lentas nas próximas semanas.
Por fim, as proteínas no atacado podem continuar com suas revisões de preços nesta semana – se confirmado, será a terceira semana consecutiva de ajustes negativos para a carcaça casada bovina.
Um abraço e até a próxima!