O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,6% no 3º trimestre, na comparação com o 2º trimestre, puxado pelo consumo das famílias e pelo investimento privado, segundo divulgou nesta terça-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 1,842 trilhão.
O resultado mostra uma leve aceleração da recuperação da economia entre julho e setembro, embora em ritmo ainda fraco e mais lento do que se esperava no começo do ano.
O IBGE revisou o resultado do PIB do 2º trimestre, para uma alta 0,5%, ante leitura anterior de avanço de 0,4%. Já o resultado do 1º trimestre foi revisado para uma estabilidade, em vez de queda de 0,1%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Veja os principais destaques do PIB no 3º trimestre:
- Serviços: 0,4% (com destaque para o comércio e atividades de informação e comunicação, com alta de 1,1%, ambas);
- Indústria: 0,8% (maior alta desde o 4º trimestre de 2017, puxada pela indústria extrativa que cresceu 12%, que compensou a queda de 1% da indústria de transformação);
- Agropecuária: 1,3%;
- Consumo das famílias: 0,8%;
- Consumo do governo: -0,4%;
- Investimentos: 2% (2ª alta seguida, mas abaixo do avanço de 3% registrado no 2º trimestre);
- Construção civil: 1,3% (com o crescimento puxado pelo mercado imobiliário).
- Exportação: -2,8% (3ª queda seguida, afetada pela desaceleração da economia global e pela recessão na Argentina);
- Importação: 2,9%.
PIB ainda está no patamar de 7 anos atrás
Em relação ao 3º trimestre de 2018, o crescimento foi de 1,2%, a décima primeira alta consecutiva nesta base de comparação.
No acumulado em 12 meses, o PIB registrou crescimento de 1%, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No acumulado do ano até setembro, o PIB cresceu 1%, em relação a igual período de 2018, informou o IBGE.
O resultado veio um pouco melhor do que o esperado pelo mercado. A maioria das estimativas apontavam para um crescimento entre 0,4% e 0,5% no 3º trimestre, segundo levantamento do G1.
IBGE revisa PIB de 2018 para alta maior, de 1,3%
Historicamente, as projeções para o 3º trimestre possuem sempre um grau de dificuldade maior, por conta das revisões nos resultados dos últimos 2 anos incorporadas na divulgação. No início do mês, o IBGE anunciou que a alta da economia brasileira em 2017 foi maior, de 1,3%, ante 1,1% divulgado anteriormente.
Nesta terça-feira, o IBGE também revisou o resultado do PIB consolidado de 2018, para uma alta de 1,3%, em vez de 1,1%.
Consumo das famílias acelera
O consumo das famílias acelerou para uma alta de 0,8%, após um avanço de 0,6% no 1º trimestre e de 0,2% no 2º trimestre, representando o principal destaque positivo do PIB no 3º trimestre. Foi o melhor resultado desde o 3º trimestre de 2018, quando também avançou 0,8%.
Entre os fatores que têm contribuído para um maior consumo, os analistas citam a queda da taxa básica de juros (Selic), a inflação baixa, expansão do crédito, início dos saques do FGTS – que poderão injetar até o final do ano cerca de R$ 30 bilhões na economia – e de recuperação do mercado de trabalho, ainda que lenta e puxada pela informalidade, que tem feito aumentar a massa salarial e o número de brasileiros ocupados e com alguma renda.
“Como o consumo das famílias pesa 65% da economia, claro que esses fatores dão ganho para a economia”, destacou a pesquisadora do IBGE.
Investimentos e retomada da construção civil
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 2% no 3º trimestre, puxado pela construção civil, que desde o trimestre anterior passou a mostrar recuperação após 20 trimestres consecutivos de quedas.
“A construção cresceu nesses dois trimestres, mas o nível ainda está 30% abaixo do dado máximo, que foi alcançado no primeiro trimestre de 2014”, destacou Palis.
A pesquisa mensal de desemprego do IBGE já vinha mostrando movimento de recuperação da construção, com crescimento do número de trabalhadores ocupados, em meio a um aumento do número de lançamentos e do volume de financiamentos imobiliários.
A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2019 foi de 16,3% do PIB, a mesma que foi observada no mesmo período do ano anterior.
Já o consumo do governo caiu 0,4% no 3º trimestre, após já ter recuado 03% no 2º trimestre.
Perspectivas para 2019 e 2020
Para o resultado consolidado de 2019, o mercado financeiro manteve a previsão de crescimento da economia brasileira em 0,99%, segundo última pesquisa “Focus” do Banco Central, divulgada na véspera. No final de janeiro, a estimativa era de um crescimento de mais de 2% no ano.
Para 2020 o ano que vem, a média das estimativas do mercado subiu na semana passada para 2,22% – na quarta alta seguida.
Em 2018, a economia brasileira cresceu 1,1%, após alta de 1,3% em 2017, e retrações de 3,5% em 2015, e 3,3% em 2016. (Globo.com)