Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Na última semana a ponta compradora demonstrou maior cautela em adquirir matéria-prima, principalmente pelo movimento sazonal de menor consumo de carne bovina.

As cotações do boi gordo no mercado spot continuam orbitando a faixa dos R$ 230,00/@, entretanto o indicador Cepea já mostrou ligeiros ajustes negativos nas últimas cotações.

No atacado, a carcaça casada bovina seguiu avançando, acompanhando as recentes altas da arroba do boi gordo, nos últimos 30 dias acumula alta de 39,34%.

As altas recentes da carne acendem um sinal de alerta se as valorizações serão absorvidas pelo mercado interno.

Outro destaque fica para Rússia, que removeu as restrições temporárias do envio de carne bovina de duas unidades brasileiras, sendo uma delas da JBS e outra da Minerva.

 

  1. Na tela da B3

O recuo dos contratos futuros chamou a atenção do mercado na última semana, após o persistente movimento altista que ganhou tração a partir de outubro deste ano.

Assim como os reajustes positivos, os ajustes negativos também aconteceram com grande intensidade, cravando um limite de baixa no pregão da última quinta-feira (29).

O contrato para dezembro/19, por exemplo, fechou em R$ 215,25/@ – queda de 4,71% ante o seu valor de abertura, em R$ 225,90/@.

A realização dos lucros dos contratos em bolsa veio na esteira da conjuntura do mercado físico, ou seja, as negociações mostraram resistência em superar o patamar em R$ 230,00/@.

O consumo doméstico também mostrou sinais de enfraquecimento no final de novembro (retraindo-se em meio aos repasses da matéria-prima mais valorizada).

Portanto, o cenário acendeu um alerta aos operadores do mercado, voltando-se para o lado vendedor. 

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Na última semana, a carcaça casada bovina continuou com seu viés altista, movimento que é registrado desde o final de julho.

O boi casado fechou com média no atacado paulista em R$ 15,89/kg, alta de 7,04%. Nos últimos 30 dias acumula reajuste positivo de 39,34%.

Nos últimos sete dias a carcaça especial suína também demonstrou avanço, alta de 5,47%, fechando a semana cotada em R$ 8,96/kg. No último mês avançou 14,58%. 

O frango resfriado se manteve estável, fechou cotado em R$ 4,81/kg pela segunda semana consecutiva. Nos últimos 30 dias a alta acumulada fica em 20,73%.

spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou o mês de novembro em 2,86%.

 

  1. No mercado externo 

Na semana passada, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) informou por meio de nota uma inconsistência em seus números de exportações, fazendo alterações “significativas” para os embarques das últimas semanas.

Deste modo, as exportações de carne bovina in natura em novembro/19 totalizaram 155,58 mil toneladas e uma receita de US$ 525,39 milhões – um resultado 29% superior em relação as primeiras projeções calculadas pelos dados informados no início de novembro.

A média diária registrada ficou em 7,78 mil toneladas, avanço de 4,94% em relação à média do mês anterior, e alta de 19,25% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.857,57, alta de 8,59% em relação a outubro/19, e valorização de 21,63% ante o valor médio em novembro/18.

Além disso, o envio de carne bovina in natura em outubro também foi alterado, e o novo recorde alcançado naquele mês com 160,10 mil toneladas exportadas, agora foi ampliado para 170,50 mil toneladas.

As exportações com o milho em novembro/19 chegaram a 4,29 milhões de toneladas, queda de 29,38% em relação ao volume embarcado no mês anterior, mas aumento de 17,60% frente ao exportado em novembro/2018. Desde o início do ano, o país já enviou 40,54 milhões de toneladas.

 

  1. O destaque:

Após a trajetória altista das cotações do boi gordo, esta foi a primeira semana em que não foram superadas as máximas, demonstrando dificuldade do mercado em manter os níveis alcançados.

Os contratos futuros também reagiram as alterações da conjuntura, passando por ajustes negativos. 

Outro destaque fica para a Rússia, na última sexta-feira (29), o órgão de controle de segurança agrícola russo informou que removeu as restrições temporárias do envio de carne bovina de duas unidades brasileiras, sendo uma delas da JBS e outra da Minerva.

 

  1. E o que está no radar?

As cotações do boi gordo têm buscado equilíbrio após a disparada recente, buscando por uma relação mais sustentável entre a oferta e a demanda.

A oferta de animais prontos para abate continua curta, mas a ponta compradora segue atenta em como o mercado interno irá absorver os ajustes que foram repassados.

Sendo assim, após os sucessivos reajustes positivos no mercado pecuário, as cotações parecem passar por uma correção, com os próximos movimentos ficando a cargo do consumo doméstico neste final de ano.

 

Um abraço e até a próxima!