(Reuters) – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira que, diante da redução da taxa básica de juros no país, o câmbio de equilíbrio “tende a ir para um lugar mais alto”.
“Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto”, afirmou Guedes em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington.
O ministro frisou que o Brasil tem uma moeda forte e que flutuações no câmbio não são motivo de preocupação. “Temos um câmbio flutuante, então ele flutua. Às vezes ele está um pouco acima, por exemplo, quando o juro desce, ele sobe um pouco.”
O ministro também rechaçou preocupações com o aumento do déficit em transações correntes do país, destacando que os resultados têm refletido uma recuperação da economia e ainda são plenamente financiáveis pelos investimentos diretos no país.
Números divulgados pelo Banco Central nesta segunda mostraram que o déficit das transações do país com o exterior foi maior do que o esperado em outubro, levando o rombo em 12 meses a 3% do PIB, pior dado desde dezembro de 2015.
Questionado, ainda, sobre a mobilização de trabalhadores da Petrobras, Guedes criticou a iniciativa, argumentando que, quando a estatal estava em más condições financeiras, os seus funcionários não se dispuseram a contribuir por sua recuperação e, agora que ela “melhorou um pouqinho”, demandam reajustes.
“Demite as pessoas e contrata outras pessoas que queiram trabalhar, está cheio de gente procurando emprego e gente fazendo greve?”, afirmou o ministro. “Se eu fosse presidente de uma empresa dessas eu sei o que eu faria.”
Guedes foi a Washington para participar de fórum Brasil de CEOs Brasil-EUA. Na terça-feira, ele se reunirá com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva.
Nesta segunda, o ministro se reuniu com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, que, segundo Guedes, reafirmou o compromisso de ajudar o Brasil a entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com o ministro, Ross reiterou que, quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia se comprometido em apoiar a adesão da Argentina à OCDE, mas que o Brasil é o “próximo da fila”.
“Pode ser até que a Argentina não seja aprovada, se ela não manobrar bem essa aterrissagem do novo governo lá”, afirmou Guedes, se referindo ao presidente eleito do país vizinho, Alberto Fernández, que é de esquerda e tem como vice a ex-presidente argentina Cristina Kirchner.