Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
Os preços da arroba continuaram alcançando recordes durante a última semana, com o indicador Cepea/Esalq subindo 11,85% na quinta-feira (21) ante o dia anterior.
As negociações em São Paulo encerraram a penúltima semana de novembro com preços ao redor de R$ 230,00/@, com destaque para a menor diferença entre o animal comum e aquele para exportação.
É neste cenário que a ponta compradora tem demonstrado dificuldade em renovar seus estoques, resultando em indicações cada vez maiores.
Como pano de fundo está a pressão causada pela proximidade das festas e a chegada da primeira parcela do décimo terceiro, momento em que o consumo de carnes tende a se aquecer.
Na esteira está o aumento das carnes no atacado, no último mês a carcaça casada já avançou 31,05%.
- Na tela da B3
Os contratos futuros continuaram com seu movimento de valorização na última semana, marcando a alta mais expressiva para o contrato de nov/19, subindo 12% com fechamento na sexta-feira (22) em R$ 222,80/@.
Os vencimentos mais longos subiram com intensidade menor, marcando altas semanais entre 3,00% e 5,85%.
As valorizações colocaram os contratos em novas máximas, mas parte dos ganhos foram devolvidos ao final da semana. Ou seja, será importante acompanhar ao final deste mês, a força que os contratos mostrarão para continuar seu rally altista.
Destaca-se ainda que as valorizações dos contratos futuros continuam abrindo janela de oportunidades para a gestão de risco de preços, neste sentido, o mercado de opções (compra de PUT’s) mostra-se como alternativa convidativa, por garantir um valor mínimo, mas sem travar o valor de venda.
- Enquanto isso, no atacado…
Nesta semana a carcaça casada bovina preservou o seu viés altista, acompanhando as altas da arroba.
A carcaça casada bovina subiu 9,91% na última semana, fechando com média no atacado paulista em R$ 15,59/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 31,05%.
Nos últimos sete dias a carcaça especial suína também demonstrou avanço, alta de 9,60%, fechando a semana cotada em R$ 8,85/kg. No último mês avançou 13,62%.
O frango resfriado que vinha a passos lentos, nos últimos 7 dias fechou cotado em R$ 4,81/kg, avançando 4,91% na semana. Nos últimos 30 dias a alta acumulada fica em 14,00%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou a terceira semana de novembro em 3,00%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 15 (dez) primeiros dias úteis de novembro/19 contabilizaram um volume total de 90,51 mil toneladas e uma receita de US$ 440,58 milhões.
A média diária registrada ficou em 6,03 mil toneladas, queda de 13,31% em relação à média do mês anterior, e baixa de 7,50% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.867,60, alta de 8,83% em relação a outubro/19, e valorização de 21,88% quando comparado ao valor médio de novembro/18.
Considerando o desempenho das exportações na primeira quinzena de novembro, as projeções preliminares apontam para volume embarcado entre 115 e 120 mil toneladas até o final do mês. Se confirmado, o volume representará recuo de aproximadamente 26,61% frente a quantidade recorde enviada em outubro/19, e baixa de 9,94% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Por fim, as exportações com milho nos primeiros 15 dias úteis deste mês totalizaram 2,60 milhões de toneladas, recuo de 33,23% em comparação à média diária do mês anterior e queda de 6,60% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
Na última quinta-feira (21), o indicador Cepea/Esalq ultrapassou mais um recorde, fechando em R$ 227,40/@, alta de 11,85% (+R$ 24,10) na comparação diária.
Trata-se da maior variação diária já registrada pela série histórica do Cepea, iniciada em 1994.
Como pano de fundo se mantém a escassez de animais prontos para abate, gerando dificuldade das indústrias em adquirir matéria-prima.
Neste cenário, a ponta compradora tem feito oferta maiores na tentativa de recompor seus estoques.
- E o que está no radar?
Com a chegada do final de ano, trazendo as festas e o décimo terceiro salário, é esperado que o consumo interno de carne bovina se aqueça.
Entretanto, as expressivas altas da arroba, alcançando patamares recordes a cada dia, acende um alerta para o escoamento de carne no mercado interno.
A carne bovina no atacado segue com revisões positivas desde o final de julho, e nos últimos 30 dias já avançou aproximadamente 31%.
Outro ponto importante fica para a economia interna ainda fragilizada, com 64,7% das famílias brasileiras endividadas (CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o que pode limitar os repasses de preços para o varejo.
Um abraço e até a próxima semana!