(Reuters) – O Brasil abateu 8,35 milhões de cabeças de bovinos no terceiro trimestre, aumento de 4% em relação ao trimestre anterior e de 0,5% versus o mesmo período do ano passado, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Já a produção atingiu 2,16 milhões de toneladas de carcaças bovinas no período, aumento de 8% em relação ao apurado no segundo trimestre e de 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, segundo os primeiros resultados da pesquisa Estatística da Produção Pecuária.
Os abates e a produção de carne de aves e suínos também avançaram no período, ainda que o setor de bovinos tenha registrado maior avanço ante o segundo trimestre, notou o IBGE.
O aumento da produção de carnes do Brasil, maior exportador global de cortes bovinos e de frango, está sendo impulsionado principalmente pela demanda da China e de outros países da Ásia, notou o pesquisador Sergio de Zen, responsável pelas pesquisas de proteína animal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
“A China, não só a China, mas países do Sudeste Asiático estão drenando toda a proteína possível para lá. Mas temos que observar que a economia global, EUA e Europa, estão em fase de crescimento, pequeno, mas estão crescendo”, disse De Zen à Reuters.
Embora o Brasil consuma a maior parte de sua produção de carnes, a exportação garante parcela importante na demanda.
Nesta terça-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que mais 13 fábricas de carne do Brasil foram aprovadas para exportar aos chineses.
Na véspera, o governo anunciou que a Arábia Saudita habilitou oito novos estabelecimentos de carne bovina.
Em meio à forte demanda para a exportação de carne bovina, cujos embarques atingiram máxima histórica em outubro, os preços da arroba do boi e da carne estão níveis recordes em São Paulo, importante termômetro para o mercado brasileiro.
O cotação da arroba do boi gordo engatou um movimento de alta e superou o valor de 180 reais pela primeira vez na história, no Estado de São Paulo, na última sexta-feira, segundo dados do Cepea. Na terça-feira, atingiu 183,30 reais, alta de mais de 7% apenas no acumulado deste mês. No ano, o avanço é de mais de 25%.
CONJUNTURA COMPLEXA
Segundo o pesquisador do Cepea, além da demanda, o setor de carne bovina ainda registra uma conjuntura de baixa oferta de animais prontos para o abate.
“Não tem o animal confinado nem o de pasto, dado que chuvas atrasaram em relação aos outros anos, é um movimento complexo…”, disse o especialista.
“Tem um desencontro, começa a abater animais com peso aquém (do ideal)… Com expectativa de alta de preço, os produtores começam a segurar (animais), esperando que os animais ganhem peso para serem abatidos”, completou.
SUÍNOS E AVES
Segundo a pesquisa do IBGE, o abate de suínos somou 11,67 milhões de cabeças no terceiro trimestre de 2019, um aumento de 2,4% em comparação com trimestre passado e de 0,8% ante o mesmo trimestre do ano anterior.
O peso acumulado das carcaças suínas registrou 1,05 milhão de toneladas no terceiro trimestre, o que consistiu em aumentos de 3,3% em comparação com o trimestre imediatamente anterior e de 1,1% em relação ao terceiro trimestre de 2018.
Com as vendas para a Ásia impulsionando os negócios, a indústria do Brasil registrou em outubro receita de exportação de carne suína de 149,6 milhões de dólares, maior valor para um único mês nos últimos dois anos, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A indústria de frangos também tem demonstrado força, com os abates somando 1,47 bilhão de cabeças no terceiro trimestre de 2019, alta de 3,3% na comparação com o trimestre anterior e de 3,1% em relação ao trimestre equivalente de 2018, informou o IBGE.
O peso acumulado das carcaças de frango foi de 3,45 milhões de toneladas no período, aumento de 3,2% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 2,1% na relação ao terceiro trimestre de 2018.