Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora pela Agrifatto

 

O mês de outubro gerou bons frutos aos preços pecuários, com o movimento de alta sendo registrado desde o final de agosto. A oferta limitada de animais prontos e a maior participação do mercado externo foram fatores importantes para o fortalecimento das cotações.

Novembro não começou diferente, especialmente pela ampliação da massa salarial com o início do mês, período de recebimento dos salários e favorecido pelo pagamento da primeira parcela do décimo terceiro. O traseiro bovino em São Paulo já alcançou R$ 14,50/kg.

Com relação ao mercado externo, o surto de peste suína africana na Ásia tem impactado os envios de carne bovina à China desde outubro. Foi quando o Brasil renovou o recorde histórico mensal exportado. Foram enviadas 160 mil toneladas de carne bovina in natura, alta de 17,77% em relação ao mesmo período do ano passado.

Considerando o total embarcado em outubro, 35% tinha como destino a China, proporção acima do intervalo entre 19 e 20% a que o país asiático costumava responder. 

 

Com isso, instalou-se grande pressão sobre as cotações.

O contrato para nov/19 iniciou o setembro sendo negociado ao redor de R$ 162,00/@, mas já acumula alta de 11,54%, tendo alcançado 186,00/@ na primeira semana deste mês.

Os outros vencimentos foram na mesma esteira. Os contratos futuros de dezembro/19, janeiro/20 e maio/20 já avançaram 17,59%, 19,51 e 15,39%, respectivamente.

Outro destaque fica para o vencimento de outubro/20, que bateu a marca dos R$ 200,00/@ em 6/nov, recordando em 2010 a arroba atingiu pela primeira vez os R$ 100,00/@ nominais.

No gráfico abaixo é possível visualizar a evolução dos contratos futuros a partir de setembro.

Considerando a variação histórica nos últimos 10 anos dos preços entre novembro, dezembro, janeiro e maio, foram traçadas as variações máximas, mínimas e a média histórica sobre os preços atuais (gráfico 3).

O que se observa é que a projeção de preços refletida na B3 está acima do registrado pela média dos últimos anos. Aliás, a estimativa em bolsa vai ao encontro das projeções que consideram as variações máximas dos últimos anos.

Ainda, a projeção dos vencimentos de dezembro/19 e janeiro/20 encontra-se acima da variação máxima projetada (considerando as altas mais expressivas dos últimos anos).

Portanto, a combinação de fatores reajustando positivamente o valor da arroba está imprimindo ágios acima da média registrada nos últimos anos aos contratos futuros.

Destaca-se ainda que, assim como o preço do boi gordo, os custos seguem em compasso acelerado. Isso significa que o pecuarista deve continuar atento ao gerenciamento dos custos, aos seus índices produtivos, mas também as oportunidades fora da porteira.

Um abraço e até logo!