Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

A oferta restrita e as exportações em ritmo acelerado são os fatores chave para o cenário de preços fortalecidos em praticamente todas as praças brasileiras.

É fato que continua também um cenário desuniforme entre algumas regiões, com o Mato Grosso do Sul com programações de abate encurtadas, e revisões para cima dos preços a cada semana.

Já em algumas regiões de Goiás, a disponibilidade de animais ainda se mostra relativamente mais confortável, embora não cause impacto negativo as cotações.

No mercado externo, os embarques continuam aquecidos. Os embarques somaram 160,10 mil toneladas de carne bovina in natura no último mês, alta de 18,15% em relação ao mês anterior, com elevação também para o preço médio (+5,33% na comparação mensal). Além disso, o volume é recorde histórico para o período apurado de um mês.

Além da proteína bovina exportada, a carne vermelha também se valoriza no mercado interno, subindo 8% nos últimos 30 dias. O boi casado tem média em R$ 11,80/kg no atacado paulista.

 

  1. Na tela da B3

Com as cotações no mercado físico fortalecidas, exportações aquecidas e disputa pela escassa matéria-prima neste período, os futuros continuam antecipando as altas dos próximos meses.

O rali de alta acontece desde a primeira semana de outubro/19, com renovação das suas máximas na última semana.

O contrato para janeiro/20, por exemplo, alcançou R$ 184,50/@ na última sexta-feira (01/nov), alta de 3,27% (+R$ 5,85/@) no acumulado da última semana. Além disso, o janeiro/20 imprime um ágio de 8% em relação ao último fechamento do CEPEA (em R$ 170,70/@).

Outro destaque fica para o contrato de maio/20, subindo 3,07% (+R$ 5,50/@) na semana passada, encerrando o pregão da sexta-feira (01/nov) em R$ 184,50/@.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Movimento altista da carcaça casada bovina segue firme em mais uma semana.

A carcaça casada bovina avançou 2,34%, fechando com média no atacado paulista em R$ 11,80/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 8,16%.

Nos últimos sete dias a carcaça especial suína se manteve praticamente estável, com avanço de 0,19%, e fechando a semana cotada em R$ 7,84/kg. Com alta de 6,38% na comparação mensal.

O frango resfriado fechou a última semana em R$ 4,02/kg, alta de 1,39% na semana. Nos últimos 30 dias o avanço é de 3,48%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), fechou outubro em 2,11% – maior valor desde junho, quando alcançou 4,21%.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura contabilizaram um volume total de 160,10 mil toneladas em outubro/19, e uma receita de US$ 716,08 milhões.

A média diária registrada ficou em 6,96 mil toneladas, aumento de 18,15% em relação à média do mês anterior, e crescimento de 12,65% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada também se valorizou, registrando-se em US$ 4.472,72, alta de 5,33% em relação a setembro/19, e avanço de 14,87% em relação a outubro/18.

O resultado já reflete as 17 novas plantas que foram habilitadas para a China no início de setembro. Aliás, o surto de peste suína africana no país asiático deve causar queda de 60% da produção de carne suína nos últimos três meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado, indicando que a demanda chinesa por proteínas vivas continuará sua trajetória de alta no médio prazo.

Vale destacar ainda o volume embarcado com milho em outubro, foram 6,14 milhões de toneladas, proporção 5,60% inferior ao exportado no mês anterior, mas avanço de 97,63% frente os embarques de outubro/18.

 

  1. O destaque:

O destaque da última semana fica para a desvalorização da moeda americana, processo que se iniciou pela menor tensão na disputa sino-americana.

Além disso, a aprovação da Reforma da Previdência no senado trouxe mais confiança aos investidores, fator adicional para a valorização do real sobre a moeda americana.

Na última semana, o dólar recuou 0,35%, encerrando a sexta-feira em R$ 3,99/US$. Acumulando em outubro a terceira maior queda mensal do ano.

 

  1. E o que está no radar?

A arroba do boi gordo manteve o seu viés de alta no decorrer desta semana, um movimento que se registra desde meados de agosto deste ano.

O fato é que as indicações de compra foram revisadas positivamente no fechamento da última semana, e dado o período de maior consumo com a chegada de novembro, a expectativa é que os frigoríficos possam acelerar a sua busca por animais para composição das suas escalas de abate.

Portanto, fica no radar a possibilidade de maior disputa pela matéria-prima, o que pode levar a novos reajustes positivos dos preços nas próximas semanas.

Por fim, o mercado também segue atento a quaisquer novidades sobre habilitação de novas plantas para a China, fator que pode injetar novo ânimo ao mercado.

Um abraço e até a próxima!