A ampliação do comércio global é fundamental para elevar o crescimento da economia pelo mundo, pois gera aumento de renda e da inclusão social, estimula o surgimento de tecnologias, eleva a produtividade e reduz a inflação. Mas nem sempre todos os efeitos são favoráveis, sobretudo para algumas economias avançadas, pois podem ocorrer impactos em empregos de determinados setores. Nestes casos, são necessárias medidas dos governos para compensar tais fatores negativos, destaca o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC) no estudo “Fazendo o Comércio um motor de crescimento para todos”.

O documento destaca que entre 1960 e 2007, pouco antes da grande crise financeira internacional, o comércio global registrou uma expansão real média de 6%, o dobro do avanço do PIB mundial no período. O estudo também aponta que “desde o início dos anos 1990, a redução de custos do comércio facilitou a expansão das cadeias globais de valor, que se tornaram um forte condutor das exportações de manufaturados e da produtividade.” Este fato gerou incremento da renda das populações tanto nos países desenvolvidos como também nos mercados emergentes.

Segundo o trabalho do FMI, Banco Mundial e OMC, os benefícios gerados pelo comércio internacional variaram entre países de acordo com as categorias de mercadorias e serviços exportados, bem como seus respectivos níveis de especialização. No geral, a abertura comercial provoca elevações de renda per capita e declínio de pobreza, sobretudo nos países em desenvolvimento. “O comércio de mercadorias pelas economias avançadas como participação do comércio mundial caiu de 70% no começo dos anos 1980 para menos de 40% no início dos anos 2010.” Nesse período, por outro lado, cresceu de forma expressiva a participação dos países em desenvolvimento e mercados emergentes nas transações comerciais globais, especialmente com a venda de commodities.

De acordo com o estudo, depois da crise financeira global, ocorreu uma redução da velocidade do comércio internacional em relação à registrada na média dos 47 anos anteriores. Tal fato ocorreu devido a uma diminuição do ritmo de expansão das economias pelo mundo, sobretudo as avançadas, causada em parte pela redução da alavancagem dos bancos e do endividamento das famílias e empresas. Mas o ritmo da liberalização comercial também diminuiu com o avanço de ações protecionistas. “O crescimento recente do comércio está sendo inferior ao esperado entre um e dois pontos porcentuais, com base no relacionamento histórico entre comércio e fatores macroeconômicos.”

Na avaliação do FMI, Banco Mundial e OMC, as mudanças no comércio internacional estão relacionadas com o aumento da produção e exportação de manufaturas pelos países emergentes, com destaque para aqueles que promoveram avanços nas cadeias de valor, como a China e nações do leste europeu. No geral, os países desenvolvidos registraram uma redução na sua participação global de fabricação de produtos industrializados devido ao incremento dos Serviços em suas economias.

“O crescimento de exportações de Serviços ocorreu apesar de que barreiras para seu comércio avançaram de forma substancial em muitas áreas”, apontou o estudo. Os Serviços respondem por dois terços do PIB e dos empregos do mundo e um quarto do comércio internacional. “Segundo números da Organização Mundial do Comércio, a importação de Serviços avançou 5% por ano entre 2011 e 2015, em comparação com (a alta) de 1% no comércio de mercadorias.” Além disso, a inovação com tecnologias digitais ajudou a mudar o cenário do comércio pelo planeta.

Medidas
O comércio internacional gera efeitos positivos em nível global, mas algumas consequências desfavoráveis podem ocorrer sobre empregos em certos países, embora tais impactos sejam inferiores aos provocados por novas tecnologias que reduzem a necessidade de mão-de-obra. Desta forma, deve ser uma prioridade destas nações implementar medidas que permitam a mobilidade dos trabalhadores entre setores produtivos, regiões e especialidades técnicas.

“Políticas de estabilização macroeconômica devem complementar medidas para ativar o trabalho, especialmente porque os custos de perdas de empregos são maiores em períodos de baixa do nível de atividade”, apontam o FMI, Banco Mundial e OMC.

O documento destaca que são relevantes ações que elevem a recolocação de trabalhadores no mercado, com destaque para setores que são beneficiados pelo comércio internacional. O estudo também chama a atenção para a importância da adoção de políticas que colaborem na redução de custos de moradias para cidadãos que mudam de cidades em busca de novas oportunidades de emprego. (AE)