Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
As cotações do boi gordo seguem fortalecidas no mercado físico, com a baixa disponibilidade de animais prontos ainda como o principal driver do movimento altista.
O predomínio das negociações em São Paulo ficou entre R$ 160,00 e R$ 163,00/@ para o animal comum, com valores mais altos sendo acompanhados de prazo de pagamento relativamente mais longos, em torno de 7 dias.
Destaca-se que as programações de abate mostraram leve avanço no fechamento desta semana, especialmente em São Paulo e em Goiás, acendendo um sinal sobre a chegada de maior fluxo de animais do 2º giro de confinamento.
As cotações futuras também mostraram novas revisões positivas, e colocam no radar operações de gerenciamento de riscos de preços, especialmente os contratos mais longos.
E o valor da carcaça casada bovina no atacado adiciona mais um fator positivo ao mercado pecuário, dando sequência ao seu movimento de valorização e alcançando seu maior valor nominal.
- Na tela da B3
Os contratos contaram com novas valorizações na metade da última semana, com alguns contratos retornando as máximas.
O destaque fica para os vencimentos mais longos, como o contrato para maio/20, por exemplo, subindo até R$ 172,80/@ na quarta-feira (02/out) – o maior valor já registrado para este vencimento.
As indicações em bolsa colocam um ágio de aproximadamente R$ 10,00/@ entre o praticado atualmente e o projetado para maio pela B3 (considerando um balcão atualmente ao redor de R$ 162,00/@).
A movimentação do contrato de out/20 também chamou a atenção, avançando até R$ 178,00/@ na última semana – alta de 1,15% na comparação semanal. Além disso, os contratos futuros apontam para valorização de R$ 16,00/@ até outubro/20.
Aliás, o mercado já começa a precificar a fase altista para a arroba do boi gordo, que deve vir na esteira da virada do ciclo pecuário, com possível redução de abates de fêmeas já no próximo ano.
E se por um lado a oferta de animais prontos deve ficar gradualmente menor no longo prazo, a demanda está ganhando fôlego, especialmente no mercado externo.
Mas, atenção a ajustes técnicos no curtíssimo prazo.
- Enquanto isso, no atacado…
Na última semana, a carcaça casada bovina mantém o movimento altista registrado desde o final de julho/19.
A carcaça casada bovina avançou 0,70%, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,75/kg – maior valor nominal registrado neste ano, superando o recorde em abril/19 quando chegou a R$ 10,73/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 2,68%.
A carcaça especial suína também se mantém firme, fechando a semana cotada em R$ 7,32/kg, caindo apenas de 0,75% na comparação semanal.
O frango resfriado avançou timidamente nesta semana, fechando em R$ 3,94/kg, alta de 1,55% na semana. No último mês a desvalorização acumulada é de 1,87%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), iniciou o mês negativo, fechando a primeira semana de outubro em -0,38%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 4 (quatro) primeiros dias úteis de outubro/19 contabilizaram um volume total de 32,14 mil toneladas e uma receita de US$ 138,74 milhões.
A média diária registrada ficou em 8,03 mil toneladas, alta de 36,40% em relação à média do mês anterior, e avanço de 30,05% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.316,18, alta de 1,64% em relação a setembro/19, e valorização de 10,85% quando comparado com o valor médio de outubro/18.
Se o ritmo diário se repetir, pode ser exportado um volume próximo a 180 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representará alta de 45,49% frente a quantidade embarcada em setembro/19, e avanço de 32,41% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Por fim, as exportações com milho continuam aquecidas, o país enviou 1,31 milhões de toneladas na primeira semana de outubro. O desempenho diário foi de 328,56 mil toneladas representa crescimento de 6,13% em relação ao mês anterior, e também, alta de 132,76% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq – USP), os preços da arroba do boi gordo e o quilo da carcaça casada atingiram o maior valor nominal da série histórica do mês de setembro.
A média nominal do boi gordo foi R$ 158,10/@, superando 2,53% média registrada em agosto, e alta de 3,22% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outro destaque fica para a variação do dólar na última semana, escorregando até R$ 4,05, o menor valor desde 21 de agosto/19.
- E o que está no radar?
Atenção para as programações de abate, especialmente em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, onde a oferta de animais confinados pode começar a se ampliar no curto prazo.
Por outro lado, as exportações devem avançar nas próximas semanas, o que pode ajudar a regular o mercado e a sustentar as cotações.
A disputa por animais terminados deve continuar no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e nos estados ao norte do país, regiões com menor disponibilidade de animais prontos – outro fator positivo para o valor da arroba.
Um abraço e até a próxima!