Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

As indicações de preços para o boi gordo no mercado físico passaram por poucas alterações nesta semana.

E assim, a arroba em São Paulo continuou orbitando os R$ 160,00 (à vista e livre de impostos), no Mato Grosso os negócios ficam em torno de R$ 143,00/@, em Goiás próximos a R$ 147,00/@ e ao redor de R$ 149,00/@ no MS.

Destaca-se que são valores médios para cada estado, com os preços podendo variar de acordo com alguns fatores, como por exemplo, a região onde estão os lotes ou pela inclusão de prêmios.

E apesar do período sazonal de menor consumo, a carcaça casada bovina continuou com o seu movimento altista, tendência que vem se mantendo há quase três meses.

Outro fator positivo para o mercado pecuário foi o anúncio de mudanças na Metodologia do Indicador de Preços do Boi Gordo Esalq/B3 a partir do próximo ano, especialmente pela ponderação no cálculo do indicador, colocando pesos diferentes em cada tipo de negociação.

Por fim, o mercado climático deve ganhar importância cada vez maior, em linha com o início da semeadura da próxima temporada. Além disso, a chegada dos animais do 2º giro também tem potencial de gerar nova volatilidade as cotações.

 

  1. Na tela da B3

Os contratos futuros começaram a última semana com novas valorizações, com o vencimento para dezembro/19 alcançando nova máxima em R$ 168,80/@ no pregão da última quarta-feira (25/set).

Mas os contratos não conseguiram continuar o movimento altista, e em um movimento de correção técnica, devolveram os ganhos obtidos para encerrar a semana perto da estabilidade.

De todo modo, os contratos futuros ainda exibem oportunidades de gerenciamento de riscos de preços. O vencimento para janeiro/20 em R$ 169,00/@, por exemplo, imprime um ágio de 5,2% em relação aos atuais preços no mercado físico – considerando um balcão ao redor de R$ 160,70/@.

Além disso, o contrato para maio/20 ao redor de R$ 174,00/@, indica alta de 8,3% frente as indicações atuais, além de avanço de 11,30% em relação ao valor médio praticado em maio deste ano.

Mas há fatores no curto prazo com potencial de gerar volatilidade as cotações, e alterar seu equilíbrio de preços. Se por um lado o maior consumo no início do próximo mês, e o desempenho das exportações podem continuar dando vazão ao movimento altista, por outro lado, a chegada dos animais do 2º giro de confinamento podem esfriar a escalada dos preços pecuários.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Na última semana, a carcaça casada bovina e a carcaça especial suína permaneceram firmes.

A carcaça casada bovina avançou 0,19%, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,67/kg. As valorizações acontecem desde do final de julho/19, acumulando alta de 5,2% no período.

A carcaça especial suína também se mantém firme, fechando a semana cotada em R$ 7,38/kg, avanço de 0,82%. Na comparação mensal a alta acumulada é de 16,79%.

Entretanto, o frango resfriado continuou desacelerando, com fechamento em R$ 3,88/kg, queda de 2,14% na semana. No último mês a desvalorização acumulada é de 6,84%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), continua positivo, fechando a última semana de setembro em 0,54%.

 

  1. No mercado externo

Os dados completos das exportações brasileiras em setembro/19 devem ser divulgados pelo Ministério da Economia no decorrer desta semana. Por enquanto, o mercado conhece as informações até a 3ª semana de setembro.

Mas tratando-se de mercado internacional, um novo foco de peste suína africana (PSA) foi detectada na Coreia do Sul mais um foco de peste suína africana. O surto foi identificado na cidade de Gimpo, à 14 km ao sul de Paju (onde foi detectado o primeiro caso).

Além disso, o novo foco é mais próximo da capital do país, Seul, ampliando o risco de maior dificuldade de controle da doença pelo adensamento populacional dos centros urbanos.

De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), quase 6 milhões de suínos já foram sacrificados em países asiáticos devido a contaminação pelo vírus da PSA.

Em meio ao avanço da PSA na Ásia, a China segue buscando ampliar a sua disponibilidade de proteínas vivas, e no dia 20 de setembro, o país asiático habilitou oito novas plantas frigoríficas da Argentina.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesa da Argentina, o gigante asiático é o principal comprador de sua carne bovina, com um aumento das compras de 118% em relação a 2017.

 O governo argentino estima que irá exportar 720 mil toneladas de carne bovina ao mercado externo em 2019.

 

  1. O destaque:

Na quinta-feira (26/set), a B3 (antiga BM&F) comunicou que a partir de 02/01/2019 entrará em vigor a Nova Metodologia do Indicador de Preços do Boi Gordo ESALQ/B3.

A alteração do indicador era uma importante demanda do setor produtivo, no sentido de tornar mais transparentes as negociações no mercado físico e seu equilíbrio de preços.

Visando aprimorar o indicador, objetiva-se maior adesão às dinâmicas comerciais do mercado físico, assim como aumentar a participação de agentes colaboradores.

Seguem abaixo as principais alterações incorporadas à Nova Metodologia:

  1. A composição da amostra passará a contemplar a inclusão de frigoríficos com registro no Serviço de Inspeção de São Paulo (SISP);
  2. O cálculo do Indicador de Preços do Boi Gordo CEPEA/B3 passará a ser efetuado em função da ponderação do preço pelo número de cabeças negociadas, de acordo com a fórmula e regras indicadas na metodologia.

 

  1. E o que está no radar?

No radar permanece a atenção ao clima nas regiões brasileiras produtoras de grãos.

Neste início da temporada 2019/20, as expectativas são mais positivas para as condições climáticas no curto prazo, com grande parte do Mato Grosso, além do sul de Goiás e de Minas Gerais recebendo maiores volumes de chuvas na última semana, com médias predominando entre 15 e 40 mm.

A água disponível no solo ainda é baixa na maioria do país, mas a regularização da precipitação nas principais regiões produtoras pode permitir avanço dos trabalhos a campo.

 

Um abraço e até a próxima!