Lygia Pimentel é diretora executiva da Agrifatto
Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

Após muita espera por parte do setor pecuário, em 9 de setembro deste ano foram habilitadas 25 novas plantas a exportar para a China. As plantas habilitadas somam: 17 de carne bovina, 6 de frango, 1 de suínos e 1 de asininos. No total, as habilitações passaram de 64 para 89, um aumento de 39%.

Até as recentes habilitações, apenas São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul tinham permissão para exportar carne bovina ao gigante asiático.

Os novos estados a possuírem habilitação para atender o mercado chinês são: Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Tocantins.

Atualmente, a China sofre com um amplo surto de Peste Suína Africana (PSA), que tem projetado a estimativa do rebanho suíno global em 750 milhões de cabeças. Esse número sugere um recuo de 53% sobre a população mundial de suínos comerciais, ou 22% do volume global de proteína disponível. A projeção inclui carne de frango, suína e bovina.

São Paulo registra o maior número de indústrias autorizadas a exportar carne bovina para a China e, consequentemente, os maiores volumes embarcados: são 8 frigoríficos habilitados no total, já considerando a nova autorização. A participação de São Paulo nos envios é de 24% atualmente.

Juntas, as 8 plantas têm potencial para aumentar em quase 9% a participação deste estado nas exportações para a China.

Já o Mato Grosso foi o estado com maior número de plantas habilitadas nesta rodada de autorizações. A habilitação de 6 novas plantas fez subir para 7 o número de plantas autorizadas. 

Destaca-se o grande número de confinamentos no MT, com forte potencial de atender as exigências de precocidade do mercado chinês.

Goiás, ocupava o terceiro lugar nas exportações de carne bovina para China (São Paulo e Minas Gerais ocupam os primeiros lugares, respectivamente), entretanto com as novas habilitações mato-grossenses, é possível que o estado passe para quarta posição. 

Rondônia é o quarto maior exportador de carne brasileira ao mercado externo e agora com a habilitação de uma planta em Rolim de Moura – com capacidade de abater 1.200 animais por dia – entra para o rol de estados a exportar ao gigante asiático.

Tocantins já possui laços comerciais com o mercado chinês, exportando 61,6% dos seus produtos para a China, sendo a soja o seu principal produto comercializado.

A partir das novas habilitações, esta análise visa mensurar o potencial de exportação que o Brasil pode alcançar, considerando as variações dos volumes embarcados nos últimos 10 anos por planta.

Neste sentido, projeta-se que as exportações mensais têm espaço para avançar entre 10% e 15% a partir dos primeiros embarques efetivos, com altas graduais já acontecendo nos próximos meses a partir de novembro.

A Agrifatto estima que o Brasil deve exportar um volume total próximo a 2 milhões de toneladas neste ano e, possivelmente, China e Hong Kong devem ser o destino de 800 mil toneladas dos embarques brasileiros, podendo chegar a representar 40% das exportações.

Países como Austrália e Nova Zelândia não são destaque na produção de carne suína, entretanto, preocupados com uma possível pandemia, já instauraram medidas profiláticas para evitar casos em seu território, o que chama a atenção para o nível de preocupação global com o impacto da doença e, consequentemente, o que ela pode trazer de oportunidade para os mercados que não sofrerem com ela.

Desta forma, a tempestade perfeita se forma para aumentar ainda mais o protagonismo brasileiro nas exportações globais de proteínas.