Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Resumo da semana:
Após certa apatia no mercado do boi gordo, as indicações ganharam força na última semana, alimentando perspectivas positivas para a arroba nos próximos dias.
A menor disponibilidade de animais prontos no Mato Grosso do Sul e a necessidade de recompor as escalas em São Paulo refletiram em negociações de balcão com valores mais firmes. As máximas em São Paulo orbitam R$ 162,00/@ – valores também captados pelo CEPEA.
Além de SP e do MS, as programações também se mostram próximas à média deste ano nas praças mais ao norte do país, indicando que o balcão deve continuar sustentado no curto prazo.
Já as escalas em Goiás e no Mato Grosso se preservam acima da média de 2019, e elevações para a arroba podem ser menos acentuadas nos próximos dias.
E ainda, a peste suína africana (PSA) continua avançando sobre os países do leste asiático, com o registro de novos focos na última semana.
Por fim, a carcaça casada bovina mantém os patamares mais altos alcançados neste mês, apesar do período de menor consumo.
- Na tela da B3
Após 9 pregões praticamente marcados por cotações futuras em baixa, a B3 começa a mostrar que está ganhando tração, com importantes valorizações na última semana e reaproximação aos níveis anteriores.
Para o vencimento em agosto/19, as altas foram mais comedidas, dada a proximidade com o seu vencimento, encerrando a última semana em R$ 156,15/@ (alta de 0,42% na semana).
O contrato de setembro/19 subiu 0,96% ao longo dos últimos 7 dias, com fechamento em R$ 158,00/@ – as cotações retornam aos níveis observados no início do mês.
Além disso, o contrato de outubro/19 também contou com alta consistente, superando importantes barreiras de preços. Com avanço de 0,96% na última semana e fechamento em R$ 160,70/@.
No curto prazo, não estão descartadas correções técnicas, com os contratos devolvendo parte dos ganhos recentes. Mas a chegada de setembro pode sustentar as correções dos preços em bolsa, trazendo novas oportunidades de hedge aos animais do 2º giro.
- Enquanto isso, no atacado…
A carcaça casada bovina manteve-se estável, com tímido avanço na última semana, movimento que vem em linha com a aproximação do fim do mês.
O boi casado avançou 0,4% no período, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,37/kg.
Já o frango resfriado ampliou as quedas recentes, acumulando desvalorização desde o início do mês de 2,67%. Na sexta-feira (23/agosto), esteve cotado em R$ 4,20/kg.
Após alta recente, a carcaça especial suína também segue com acomodações. As cotações registram queda acumulada de 8% nos últimos 30 dias. Na última semana, a carcaça especial suína caiu 2,01%, com média em R$ 6,34/kg.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), começou o mês negativo, mas agora vem se recuperando, com parcial em 0,77% no final da semana passada.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 17 (dezessete) primeiros dias úteis de agosto/19 contabilizaram um volume total de 97,7 mil toneladas e uma receita de US$ 406,1 milhões.
A média diária registrada ficou em 5,75 mil toneladas, avanço de 2,37% em relação à média do mês anterior, e recuo de 8,60% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.157,62, alta de 4,26% em relação a julho/19, e valorização de 1,92% quando comparado com o valor médio de julho/18.
Se o ritmo diário se repetir, serão exportadas 126,41 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representará um aumento de 2,08% frente a quantidade embarcada em julho/19, mas redução de 12,57% na comparação com o mesmo mês em 2018.
As exportações com milho também continuam aquecidas, com o país enviando 6,28 milhões de toneladas na primeira semana de agosto. O desempenho diário de 369,9 mil toneladas representa avanço de 34,69% em relação ao mês anterior, além de alta de 201,11% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
A peste suína africana (PSA) continua avançando sobre as fronteiras asiáticas. Na última semana, a divisão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) confirmou que o vírus alcançou um novo país. Agora Mianmar entra na lista com registro de quatro focos da doença em seus planteis e sacrifício de pelos menos 131 animais.
No Laos, a doença também avança e, desde a primeira identificação da PSA, em 20 de junho deste ano, 22 focos já foram relatados e mais de 5,3 mil animais foram sacrificados.
A doença também segue causando prejuízos em ritmo acelerado em outros países asiáticos, como é o caso do Vietnã, Camboja e Mongólia, mostrando que o problema vai muito além da China.
- E o que está no radar?
O mercado continuará atento ao desenvolvimento das lavouras norte-americanas, já que o seu potencial produtivo não está totalmente claro ao mercado. Isso pode trazer volatilidade ao mercado do milho.
A guerra comercial sino-americana também está gerando forte volatilidade aos ativos, pressionando para baixo os futuros em Chicago, enquanto reajusta para cima os prêmios nos portos e valoriza o dólar sobre o real.
Esta semana também vai mostrar a força do milho na B3 em continuar seu movimento de recuperação, neste sentido, Chicago e o dólar serão fatores centrais.
Para o boi, o mercado segue mais firme, porém sem potencial explosivo. É importante notar a possibilidade de oferta de animais negociados a termo acumulada para outubro, o que pode esfriar as cotações futuras para esse vencimento.
A expectativa fica para novas valorizações, especialmente com a relação entre a oferta e a demanda ficando gradualmente mais ajustada.
Um abraço e até a próxima semana!