Sem relacionar diretamente com a expectativa de uma nova recessão global, o Banco Central do Brasil deve atuar no mercado à vista para dar liquidez [às empresas e instituições financeiras], medida que não era adotada desde 2009.
A autoridade monetária justificou a mudança na forma de atuar no câmbio citando maior busca por liquidez no mercado à vista, e não no segmento futuro, onde tradicionalmente a demanda por “hedge” é maior e atendida pelos swaps cambiais. “Na semana que vem, o dólar começa a recuar mais (com o início dos leilões)”, aponta o diretor de câmbio do banco Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Segundo o Banco Central em nota de assessoria divulgada ontem, a venda de dólares à vista chega após diagnóstico de que a menor liquidez do fluxo financeiro deve “perdurar por tempo relativamente mais prolongado, já que seus fatores não devem se reverter no curto prazo”.
“Dessa forma, a atuação mais tradicional, aumentando a oferta de dólares com compromisso de recompra em resposta ao aumento do custo da liquidez em dólares no mercado local, embora siga sendo uma alternativa, talvez não seja a mais indicada para este momento”, diz voto assinado pelo diretor Bruno Serra (Política Monetária) e submetido à diretoria do colegiada da autarquia. ” A atual conjuntura sugere oferecer a alternativa de o mercado trocar alguma parcela do estoque de swaps cambiais por dólar à vista”, relata.
A nova política cambial do BC oferece uma oportunidade para empresas endividadas em dólar. A inédita perspectiva de que o juro mais baixo veio para ficar não apenas tem tornado menos interessante emissão de títulos em dólar por empresas brasileiras como estimula algumas delas a trocar passivos em moeda estrangeira por dívida com custo local. (DCI)