Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Resumo da semana:
Em mais uma semana, as cotações do boi gordo no mercado físico não mostraram variações expressivas.
As escalas de abate alongadas e o escoamento mais lento de carne no atacado esfriaram as indicações no físico, na esteira, os futuros do boi também não encontraram motivos para novas valorizações.
O contrato futuro para outubro/19 ficou balizado ao redor de R$ 160,80/@ na última semana – queda de 2,0% em julho (passando de R$ 163,65 para R$ 160,35/@ ao final do último mês).
No balcão de São Paulo, o predomínio para a arroba na última semana ficou entre R$ 154,00 e R$ 158,00/@. No Mato Grosso, os negócios foram fechados entre R$ 141,00 e R$ 146,00/@ (Europa). Em Goiás e no Mato Grosso do Sul, as indicações orbitam R$ 143,00/@.
O boi casado no atacado não mostrou variações na última semana, interrompendo a trajetória baixista que marcou o mês de julho – reflexo da maior oferta de matéria-prima enquanto o consumo manteve-se fragilizado.
- Na tela da B3
As variações foram limitadas para os contratos futuros ao longo da última semana, com as indicações praticamente andando de lado.
As programações de abate mais confortáveis e a falta de novidades são o pano de fundo para os valores mais enfraquecidos em bolsa.
Entretanto, com a oferta de animais terminados a pasto ficando no retrovisor, a disponibilidade deve ficar gradualmente mais ajustada, o que pode oferecer novo fôlego aos contratos na B3.
O vencimento para agosto/19, balizou-se ao redor de R$ 156,00/@ ao longo da última semana. O outubro/19 também segue enfraquecido, com fechamento em R$ 160,25/@ na última sexta-feira (02/ago).
Por enquanto, o vencimento para outubro/19 contabiliza um ágio de apenas 4,36% em relação ao último fechamento do CEPEA, em R$ 153,55/@ (02/ago).
Por fim, o contrato de julho foi liquidado na última semana pela média dos últimos 5 fechamentos do CEPEA daquele mês, a liquidação ficou em 153,49/@.
- Enquanto isso, no atacado…
A carcaça casada bovina preservou sua cotação ao longo da última semana no atacado, a proteína está cotada ao redor de R$ 10,15/kg.
Pouca variação também foi registrada para o frango resfriado, que praticamente manteve as suas indicações ao redor de R$ 4,30/kg ao longo dos últimos 7 dias.
Após um predomínio de quedas para o boi casado e o frango resfriado no atacado, a chegada de agosto pode gerar sustentação mais firme para as duas proteínas.
Já a carcaça especial suína, após subir 32% entre o início de maio e começo de julho, agora passa por correções, caindo 6% ao longo da última semana e com média em R$ 6,90/kg.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) que tinha começado o mês em campo positivo, caiu ao longo de julho para -0,4%. Porém, a média mensal de julho manteve-se positiva em 1,2%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura em julho/19 contabilizaram um volume total de 129,09 mil toneladas e uma receita de US$ 514,78 milhões.
A média diária registrada ficou em 5,61 mil toneladas, queda de 4,37% em relação à média do mês anterior, e recuo de 5,66% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 3.987,72, alta de 3,29% em relação a junho/19, mas recuo de 4,5% quando comparado com o valor médio de julho/18.
Vale destacar o volume embarcado com milho em julho, foram 6,31 milhões de toneladas, um volume 281% superior ao exportado no mês anterior, além de avanço de 416% frente os embarques de julho/18.
O resultado estabelece um novo recorde para as exportações brasileiras com milho em um único mês, seguido pelas exportações de dez/15, quando o país enviou 6,26 milhões de toneladas.
- O destaque:
O destaque da semana fica para a valorização do câmbio, após acirramento na disputa comercial entre EUA e China.
O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderia impor nova tarifa de 10% sobre os US$ 300 bilhões de dólares restantes de bens e produtos importados da China, valorizou o dólar em 0,71% na quinta-feira, 1º de agosto (dia do anúncio).
Na sexta-feira (02), o mercado continuou seu movimento de aversão ao risco, com novas valorizações para a moeda norte-americana, e a alta de 1,19% elevou o câmbio para R$ 3,885, o maior valor desde 18 de junho deste ano.
- E o que está no radar?
Na última semana, relatou-se escalas mais alongadas em plantas frigoríficas da metade sul do Mato Grosso, em São Paulo e em algumas grandes indústrias de Goiás, especialmente animais da categoria Europa.
Além disso, está no radar a oferta de animais vindos de confinamentos e/ou semi-confinamento em meados de agosto e setembro.
Ou seja, a recuperação do mercado físico neste início de entressafra pode ficar mais regionalizada, e possivelmente ainda limitada no curtíssimo prazo.
Um abraço e até a próxima semana!