Este estudo comparativo tem por finalidade a análise entre 04 pesos vivos iniciais (330, 360, 390 e 420 kg de peso vivo), no confinamento de bovino macho de 18 meses de idade, da raça nelore e sem castrar, tomando-se a Praça do Estado de São Paulo como referência.
Devemos levar em conta que o estudo em questão é apenas ilustrativo, o qual poderá servir como modelo para as demais praças pecuárias do país, considerando as peculiaridades de cada região e da propriedade rural envolvida no processo de produção. Além disto, temos o item mais importante, “O MERCADO”, o qual é muito dinâmico levando-se em conta a compra dos insumos, que categoria animal será confinada, e qual é a tendência dos valores da arroba da categoria animal no transcorrer no período do início até o ponto de abate da mesma.
Quando do cálculo das rações para a categoria animal escolhida o período de trato foi dividido em:
• “ADAPTAÇÃO”, com ganho de peso de 0,000 kg / cabeça / dia;
• “CRESCIMENTO”, com ganho de peso de 1,750 kg / cabeça / dia;
• “ACABAMENTO”, com ganho de peso de 1,750 kg / cabeça / dia.
Na compra dos ingredientes para formular a ração devemos considerar:
• Os que menos necessitem de manipulação e processamento antes de abastecer o misturador total de ração;
• Os menos problemáticos quando da sua conservação no armazenamento;
• Sempre levar em conta os que se encontram com mais facilidade na região;
• O valor por unidade comprada deve ser posto propriedade rural, pois o frete é um item de custo representativo;
Na aquisição da categoria animal a ser confinada devemos levar em conta para formar o custo total posto na propriedade rural:
• O valor da categoria animal em função do seu peso vivo inicial;
• Quantos animais o veículo consegue transportar sem causar danos aos mesmos;
• O custo do frete para transportar o animal até a propriedade rural;
• O valor da comissão paga para adquirir o animal;
Outro item importante é o custo operacional em si, o qual é inerente a cada propriedade rural, também devemos acrescentar no mesmo o custo da mortalidade de animais baseado no valor médio do animal entre o custo total de aquisição e o valor do mesmo para abate, exemplificando:
• Custo de aquisição: R$2.008,06;
• Valor de venda : R$3.213,86;
• Custo médio : R$2.610,94;
• Taxa anual de mortalidade da categoria: 1,50%;
• Custo da mortalidade: R$2.610,94 x 1,50% / 365 dias = R$0,1073 / dia;
E finalmente, estudar qual será a tendência do mercado da categoria bovina pronta para abate escolhida, levando-se em conta:
• A região onde está localizada a propriedade rural, pois caso se faça a comercialização através de contratos na BM&F, contrato a termo ou venda direta com a indústria frigorífica teremos o diferencial de preço em relação ao preço praticado no Estado de São Paulo;
• O valor da arroba do boi gordo na safra;
• O diferencial esperado – % entre safra e entressafra;
• E no caso de comercialização de fêmeas para abate levar em conta o diferencial do valor da arroba entre fêmea e macho.
Abaixo temos quadro demonstrativo para 03 (três) cenários em função da variação do valor da @ na entresafra, tomando-se como base o mês de outubro 2.017:
• Valor médio da @ durante a safra com acréscimo de 5,0%;
• Valor projetado da @ na BM&F no dia 15/02/17 para o mês de outubro do referido ano;
• Valor da @ para a taxa de retorno em relação ao desembolso total ser igual a 0,00 (zero).
O valor de venda da arroba aqui projetado considerou a valorização media da arroba entre o período de safra e entressafra em fase de baixa do ciclo pecuário, no máximo um diferencial de 5,0%.
A projeção da BM&F do dia 15/02/17 para comercialização no mês de outubro era de R$ 144,25/@, o que muda a conta aqui realizada drasticamente e transforma o resultado em prejuízo operacional.
No presente estudo o melhor resultado econômico foi para a categoria animal com peso vivo inicial de 360,0 kg, porém numa propriedade rural que explore a atividade confinamento de bovinos terá animais nas quatro faixas de peso estudadas. Ver quadro anexo da análise.
Fazendo-se a análise dos resultados podemos concluir que, para obter-se melhor resultado líquido necessitamos fazer “A LIÇÃO DE CASA”:
1. Mudar a maneira de pensar em relação a alguns assuntos, tais como:
• É impossível comparar bovinocultura de corte de baixa a média tecnologia com agricultura de alta tecnologia – cana, eucalipto, milho, soja;
• Antes de tudo, o produtor de bovinos de corte é produtor de forragem;
• Dentro da cadeia produtiva da carne o produtor de bovinos de corte é fornecedor e não cliente em relação ao frigorífico e ao consumidor final, sempre deve estar atento nas necessidades dos clientes, os quais influenciam diretamente no fluxo de caixa e decidirão quem permanece ou não na atividade;
2. Fazer parcerias para poder agregar valor no produto, participando de associações de produtores e programas específicos;
3. Implantar sistema agrosilvipastoril ou integração lavoura – pecuária, analisando logística / localização e perfil da empresa;
4. Aumentar a capacidade de suporte investindo na fertilidade do solo;
5. Melhorar a utilização da forragem produzida – manejo;
6. Treinamento da mão de obra;
7. Implantar um sistema de gestão.
8. Ter em mãos o custo total por arroba produzida, assim fica mais fácil fazer uma programação de venda antecipada utilizando-se das ferramentas de comercialização através da BM&F ou diretamente com a indústria frigorífica.
E para concluir este estudo comparativo sempre ficar atento, pois:
• Para cada propriedade rural deve-se elaborar estudo comparativo e escolher a melhor alternativa para a mesma;
• Em muitos casos a combinação de duas ou mais alternativas se fará necessário para que se possa obter o melhor resultado econômico e operacional, não existe receita pronta, cada caso é um caso;
• O grande desafio é convencer o produtor que a intensificação da recria / engorda é investimento para antecipar o abate dos animais;
• Desistir de continuar o uso da estratégia para intensificar a recria / engorda no meio da implantação / execução é prejuízo na certa.
• Atividade de baixa margem de lucro, se ganha mais quanto se aumenta o giro do estoque.
Lembrando que:
• Palavras que abrem porteiras: “POR FAVOR”, “DÁ LICENÇA” E “MUITO OBRIGADO”;
• E como diz o ditado: “QUEM NÃO FAZ POEIRA, COME”;
• A decisão está em suas mãos: “VAMOS AO TRABALHO”.
Atenciosamente, um grande abraço para todos e sucesso neste grande desafio que é implantar e explorar sustentavelmente a engorda de bovinos de corte no regime de confinamento, todo ano uma grande luta, pois devemos ficar atento ao mercado, monitorando as mudanças que o mesmo nos apresenta, como na aquisição dos insumos, que categorias de bovinos serão confinadas, valor de venda da @ e muitas outras variáveis envolvidas em todo o processo de produção e comercialização, lembrando que cliente é o indivíduo mais infiel que existe na praça, o qual paga a nossa conta.
Engenheiro Agrônomo Antonio Ledesma Neto – ESALQ F73 DEZ. Fones: 043 33512108, 043 91660111.
E-mail: ledesmaneto@gmail.com. Skype: antonioledesmaneto.