A estratégia da BRF para suprir a maior demanda da China em decorrência da peste suína africana será acomodar as vendas ao país na estrutura que a companhia já tem, sem expansões que tragam riscos futuros. Isso porque a doença deve causar elevação nos preços de proteínas, mas não é uma mudança definitiva no mercado. Essa foi a visão expressada pelo novo CEO da companhia, Lorival Luz, em encontros com avicultores na região Sul do País. “Faremos alguns novos investimentos na cadeia agropecuária, mas não será uma expansão que nos colocará em risco no futuro. Seremos bem realistas e, como sempre, daremos prioridade aos produtores que já são nossos parceiros”, disse ele, segundo nota fornecida pela companhia.
Luz destacou que, no futuro, também haverá ciclos de baixa e que as empresas precisam estar preparadas. “A melhor forma de fazer isso é manter os pés no chão e ter parceiros com visão de longo prazo num relacionamento onde os dois lados ganham”, disse.
Nos encontros, o novo CEO reiterou que a prioridade da empresa é chegar a uma rentabilidade acima da média histórica a partir de 2021 e reduzir as dívidas atuais. “Reduzindo a nossa dívida, teremos mais espaço para investir e para crescer”, disse. No balanço mais recente publicado pela companhia, referente ao primeiro trimestre deste ano, a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) subiu para 5,64 vezes, ante 5,12 no último trimestre de 2018.
Os encontros de Luz foram em três cidades onde a BRF tem fábricas e centros de distribuição: Toledo (PR), Chapecó (SC) e Marau (RS). “O envolvimento de todos os produtores integrados ao nosso negócio é essencial para atingirmos os padrões de excelência que desejamos. O frango e o porco que chegam na indústria são criados com muita dedicação pelos nossos parceiros, que seguem processos rígidos de segurança e biosseguridade”, afirmou.
Luz assumiu o cargo de CEO no último dia 17, recebendo-o do antecessor Pedro Parente. Parente continuará na presidência do Conselho. Uma das primeiras medidas do novo presidente global foi anunciar o investimento de mais de R$ 50 milhões nas operações de Concórdia e Videira, ambas em Santa Catarina. “Vamos modernizar linhas de produção, revitalizar sistemas de segurança e fazer a manutenção geral das atividades, de modo a assegurar a qualidade em todas as etapas do processo”, disse ele no último dia 19. (Estadão)